Esportes

Mulheres ignoram Guerra dos Sexos na Volvo e querem respeito

Quais são as diferenças entre uma equipe masculina e uma feminina numa regata de volta ao mundo? E como se comportam ambos os lados nessa "Guerra dos Sexos"? Se depender do time feminino da SCA, esse cenário é muito saudável e completamente possível. É claro que as diferenças existem, mas são equilibradas e ajustáveis, como conta a velejadora Carolijn Brouwer.

"A vela é um esporte onde é possível velejar mulheres e homens juntos ou um contra o outro. Também existem muitas equipes mistas. Eu, por exemplo, competi na Olimpíada da China, em 2008, por uma equipe mista", disse a holandesa, embora admita que mulheres em uma regata desgastante como a Volvo Ocean Race sejam presenças mais raras. Até por isso, a equipe da SCA leva três mulheres a mais a bordo do que os times masculinos: são 11 velejadoras e 1 jornalista.

Apesar desse número maior de tripulantes, o técnico desta equipe feminina, Joca Signorini, não acredita em desvantagem nas águas quando se fala no peso da embarcação. "O peso médio de uma mulher normalmente é mais leve que o peso médio de um homem. Ter mais gente foi a forma de igualar essa desigualdede fisica. Também o nosso peso de comida é igual ao peso da comida dos homens. a quantidade que as nossas mulheres consomem é quase a mesma que 8 homens. No fim, dá tudo ou quase na mesma".

Só de se olhar os barcos estacionados na Vila da Regata, em Itajaí, dá pra notar a diferença entre as equipes: o veleiro da SCA tem traços femininos e é feito na cor rosa. No entanto, Carolijn acredita que as diferenças acabam por aí e quer ser vista apenas como mais uma na disputa. "Para nós, mulheres, quando estamos em terra, os homens são muito gentis, mas uma vez que estamos na água e competindo contra eles, queremos ser tratadas somente como competidoras, e não mulheres. Queremos competir ao mesmo nível, queremos respeito e não essa diferença entre homens e mulheres".

Os resultados conquistados pelo "time rosa" até o momento são animadores. Apesar de ocupar o penúltimo lugar entre os sete veleiros da competição, é a única equipe que venceu duas In Port Race (regatas locais) nesta edição. "Isso mostra que podemos competir contra os homens. Os barcos masculinos quando falam sobre a gente, não tem essa de 'lá vai o barco das mulheres'. Eles dizem 'lá vai o team SCA'", conta a holandesa.

A competição contra homens está presente em Carolijn desde a infância, nos tempos em que velejava na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, época em que ela mesma diz, "começou a se tornar um pouco brasileira". "Eu comecei um pouco mais tarde, aos 11 anos. A partir deste momento eu entrei em competição e quando passei a ganhar do meu irmão, que é um pouco mais velho, disputando na mesma regata, eu vi a luz e só queria ganhar mais, mais e mais. Foi aí que eu descobri ser possível unir a minha paixão ao esporte com essa senaação de competição".

Campeão da Volvo na edição 2008-2009 e 10º lugar na classe Finn em Atenas 2004, Joca também analisa a participação feminina com otimismo. "Elas não devem nada para as outras equipes. E podem sim conquistar resultados muito expressivos nas 'pernas' maiores", diz Joca, que no entanto, vê a inexperiência de mulheres nas regatas de volta ao mundo como prejudicial nessa disputa. Para de ter ideia, mais de 400 velejadoras estiveram envolvidas no processo de seleção da SCA.

"A maior dificildade foi formar o nosso grupo, já que foram 12 anos sem participações de tripulação feminina na Volvo e essa experiência faz falta nas condições que a gente veleja. Em uma equipe masculina, é muito comum que a maioria esteja em sua terceira ou até mais participações seguidas. É desigual nesse ponto da experiência", disse o técnico.

Fonte: Terra

Redação

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