Economia

Aumento do dólar traz fatores positivos e negativos ao Estado

Incertezas no cenário econômico giram em torno do Estado quando o assunto é o aumento do dólar. Embora seja negativo para a compra de insumos agrícolas no setor, um dos ‘carros-chefes’ na economia de Mato Grosso, há a vantagem sobre a exportação das commodities para outros países.

Na última terça-feira (10), o dólar chegou a subir 2% e fechou em R$ 2,83. Segundo a Agência Reuters, este fenômeno não ocorria há mais de dez anos. Diante das crises mundiais e preocupações do mercado sobre a situação da Petrobras (que passa por investigações sobre supostos atos de corrupção), esses fatores podem ter tirado o sono de diversos investidores do país e do mundo. No entanto, há pontos positivos e negativos resultantes desta alta para Mato Grosso.

Conforme especialistas da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), este fenômeno pode trazer benefícios ao setor no mercado externo sobre a manutenção do valor da oleaginosa, que tem elevação quando o dólar se valoriza sobre o real. “Do lado positivo temos sua influência sobre os preços locais das commodities, conferindo maior competitividade aos produtos brasileiros, beneficiando, também, as exportações”.

Embora haja boas expectativas neste sentido, produtores do Estado também são temerosos quanto à elevação dos valores sobre os insumos, que são comprados com esta moeda. Segundo a instituição, os produtos representam mais da metade dos custos de produção, o que impacta sobre a renda.

“Elevações na moeda norte-americana podem impactar negativamente as importações, pois tornam os produtos estrangeiros mais caros no mercado doméstico. Como exemplo disso temos alguns insumos agrícolas”. 

Além dos insumos, há o custo sobre as máquinas agrícolas e também a manutenção de cada uma delas. Conforme especialistas, as peças para os maquinários sofrem elevação nos valores da mesma forma. “Assim como nos custos com insumos, a alta do dólar torna a compra de peças para os maquinários mais cara também, uma vez que grande parte de seus componentes é importada para a fabricação local. Se a máquina for importada, o produtor terá que desembolsar mais reais para pagar a mesma máquina, devido à desvalorização do real”.

Sem prejuízos – Apesar da alta do dólar, grandes produtoras de soja do Estado não tiveram prejuízos com o valor. Isso porque o custo de exportação aumentou juntamente com o preço das dívidas geradas na produção.

Vanda Nunes, gerente de uma grande produtora de soja, falou sobre os impactos negativos e positivos que a variação pode trazer para a empresa: “Não tem como apurar o prejuízo, pois da mesma forma que a dívida aumenta o preço também aumenta, como no caso de produtos químicos, adubos, entre outros que compramos a dólar”.

Ela explicou que toda a comercialização da soja, mesmo no mercado interno, é feita com dólar ou tomando a moeda norte-americana como parâmetro. “Mesmo que seja comercializado em real, tudo é transformado em dólar, mas mesmo assim não temos prejuízo por conta disso. Da mesma forma que é ruim em um setor, é bom em outro, o que compensa a nossa exportação”, sintetiza.

Noelisa Andreola

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