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Ostentação social motiva entrada de jovens na criminalidade

"Crime de ostentação" é a principal motivação da entrada de jovens no mundo da criminalidade. A constatação é da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), da Polícia Judiciária Civil, que recebeu até começo de dezembro de 2014, mais de 617 menores em situação de flagrante.

Para o delegado titular da DEA, Paulo Alberto Araújo, muitos dos  jovens entram para a criminalidade, como forma de ter status no meio social. Segundo ele, assim como nos funks de ostentação, em que os temas centrais abordados nas músicas referem ao consumismo, carros, motocicletas, bebidas e outros objetos de valor, os adolescentes tem praticado atos infracionais como forma de poder e com objetivo de ostentar o produto do crime.
 
As festas marcadas por adolescentes por meio das redes sociais, regadas a álcool e drogas é um bom exemplo de atos de ostentação, caracterizado por uma reunião de jovens. “Além do consumo de álcool e drogas, outras infrações acontecem nessas ocasiões como o abuso sexual de menores, agressões, furtos e roubos. Hoje o adolescente não rouba um carro para fazer dinheiro com as peças, ele rouba para usar e mostrar para os amigos”, explicou o delegado.
 
Fato que demonstra isso é que dos 1.565 atos infracionais instaurados na delegacia, os com maiores registro de ocorrência são de envolvimento com drogas, com 424 registros e roubo com 213 ocorrências. Os estupros cometidos por adolescentes vêm em terceiro lugar com 36 casos na delegacia.
 
Em setembro deste ano, uma operação da DEA flagrou mais de 30 adolescentes em uma das festas combinadas por meio das redes sociais. A festa acontecia em uma casa, de muros alto, cerca elétrica, portão eletrônico e câmeras de vigilância. Das garotas encontradas na casa, 29 tinham idade de 12 e 17 anos e estavam faltando aula na escola para participar da festa.
 
Na "batida", autorizada pela 1ª Vara Especializada do Adolescência e Juventude, os policiais apreenderam na festa clandestina mais de 30 litros das bebidas e 8 narguilé, cachimbo de origem árabe usado para fumar, porções de pasta-base, e conduziram à Delegacia quatro responsáveis pela organização do evento teen, além dos adolescentes que se encontravam na casa.
 
Apesar de a delegacia receber um número alto de menores reincidentes, muitos  adolescentes apreendidos este ano são iniciantes na prática de atos infracionais, que começam na criminalidade motivados por algum conhecido.

Para o delegado Paulo Araújo, a linha de enfrentamento das infrações cometidas pelo adolescentes, em princípio, seria o momento em que o infrator chega à Delegacia. Como o número é muito alto é preciso que se faça um trabalho preventivo, em que os alunos possam receber influências positivas tanto entre eles quanto externa.
 
Para isso o delegado, em parceria com o projeto Rede Digital Pela Paz, ministra palestras para adolescentes de escolas públicas, com o tema “Situação de Risco”, que aborda diferentes assuntos como família, afetividade comunicação, além da apresentação de vídeos e o papo direto com os alunos. “Durante a abordagem dos assuntos, os alunos vão se identificando e se abrindo, podendo chegar até duas horas de conversa, quando permitido pela escola”, disse Paulo Araújo.
 
Segundo o delegado, no primeiro semestre deste ano, quando não foram realizadas as palestras, o índice de criminalidade dentro de escolas públicas cresceu. No segundo semestre, o circuito de palestra foi retomado e a violência escolar teve redução. “Procuramos demonstrar aos alunos, que a escola é um ambiente para buscar o conhecimento e não para difundir a violência”, destacou.
 
Em 2013, a DEA recebeu ocorrências de diversas escolas particulares, principalmente relacionada a divulgação indevida de imagens por meio das redes sociais. Em 2014, como forma de prevenção e combate a esse tipo ocorrência, a delegacia reuniu diretores pedagógicos das principais escolas particulares, Defensoria Pública, Promotoria, Vara da Infância e Juventude, Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
 
A partir de então, foram deliberada ações dentro das escolas, que passaram a ser parceiras do trabalho da Polícia Civil, sendo a delegacia do adolescente imediatamente acionada diante qualquer tipo de infração cometidas dentro de Escolas. “Essa ação diminuiu consideravelmente o número de infrações dentro de Escolas particulares, que teve um 'boom' em 2013 e em 2014 praticamente desapareceu”, concluiu Paulo Araújo.

Assessoria

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