Um executivo com salário mensal de R$ 20 mil buscou o auxílio de um consultor financeiro porque não conseguia incluir no orçamento familiar uma viagem ao exterior com a mulher.
Analisando as contas do casal, Mauro Calil identificou gastos desnecessários, como um pacote de TV por assinatura que não era utilizado. "Não importa quanto você ganha, mas como gasta o dinheiro", diz.
Entre as principais funções de um planejador financeiro está a de colocar o orçamento doméstico do cliente em ordem e fazer com que obtenha mais rendimentos com aplicações.
O profissional também pode dar conselhos sobre casos específicos, como auxiliar na compra da casa própria, buscar o melhor financiamento para a aquisição do carro ou apontar um caminho para renegociar dívidas.
O consultor financeiro Gustavo Cerbasi acredita que o serviço se assemelha ao de um personal trainer. "O objetivo é tirar a pessoa da sua zona de conforto. Conforme o planejador consegue incluir outros hábitos nesta rotina, o serviço acaba por ficar em segundo plano".
O aconselhamento de um consultor financeiro não é inacessível para quem tem renda limitada: há desde serviços gratuitos até consultas pelas quais se paga R$ 1,2 mil, dependendo do tamanho e complexidade do patrimônio do cliente e também experiência do profissional que se deseja contratar.
Busque o consultor certo
É comum encontrar profissionais que são especialistas em investimentos, que têm como experiência profissional o trabalho em bancos e escritórios de contabilidade.
Estes consultores podem dar bons conselhos sobre aplicações financeiras, mas nem sempre sabem como ajudar nas finanças, ou até no comportamento da família para lidar com o risco de alguns investimentos sugeridos.
Portanto, a figura mais adequada para quem deseja disciplinar o orçamento doméstico e montar uma carteira de investimentos com base em um perfil é a do planejador financeiro. Este profissional tem uma visão mais ampla sobre as finanças e atua também como terapeuta.
Mas, ao contrário do consultor para investimentos, falta regulamentação sobre a carreira de planejador, que é relativamente nova. O ideal, portanto, é buscar consultores certificados. O titulo, além de obrigar o profissional a ter uma formação de um ano sobre a função, também exige ao menos dois anos de experiência no mercado.
O Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) certifica consultores financeiros. No site do instituto, é possível buscar profissionais por nome, CPF, localidade e até instituição onde trabalha.
Especialistas também indicam obter recomendações com amigos e conhecidos que já tenham contratado o serviço destes profissionais, bem como sites pessoais e produção intelectual de cada consultor, quando houver.
Valores para todos os bolsos
Por ser um profissional raro, o aconselhamento de um planejador financeiro certificado acaba sendo mais caro, e gira em torno de R$ 300 por consulta de duas horas, em média. Nela, o cliente expõe seu problema e recebe orientações sobre como corrigir pontos fracos.
Geralmente a consulta serve como base para um período de desafio, no fim do qual, caso siga as instruções, quem contrata o serviço poderá ter a solução para o seu objetivo financeiro.
Mas existem consultorias que acabam oferecendo serviços gratuitos para sanar dúvidas mais simples, e deixam para cobrar pelo aconselhamento quando o cliente pedir soluções mais complexas.
É possível também consultar planejadores financeiros de forma gratuita em feirões de dívidas e também em eventos sobre educação financeira. Basta se programar.
Considere realizar um checkup anual
O consultor financeiro Gustavo Cerbasi recomenda uma consulta por ano com um planejador financeiro. "Desta forma, é possível analisar todas as informações contidas na declaração do Imposto de Renda do cliente em cada período", aponta.
Realizar mais de uma consulta também é importante para verificar os pontos que foram desenvolvidos e onde se concentraram as dificuldades, para que o consultor possa propor caminhos alternativos.
Após 12 meses, o objetivo financeiro também pode mudar, seja por conta de uma troca de emprego, a chegada de um filho ou mudanças no cenário econômico, que têm impacto sobre investimentos.
"O objetivo financeiro pode ser de longo prazo, mas é indicado recompor perdas após um ano ruim e aproveitar a recuperação de algumas aplicações", diz Cerbasi. "É necessário pensar nisso antes de pensar em aplicações de menor risco. O profissional pode ajudar".
Fuja do gerente do banco
Quando se trata de investimentos, contratar um planejador financeiro é um modo de fugir da figura do gerente do banco. "O gerente tem meta para cumprir, e vai direcionar o cliente para aquele produto que melhor pontua para ele. Não é incomum encontrar aqueles que recomendam titulo de capitalização como investimento", diz o consultor financeiro Mauro Calil.
O consumidor tem a opção de verificar inicialmente como os profissionais de seu próprio banco podem ajudar a escolher a aplicação financeira adequada, lembrando que a recomendação será limitada ao que o banco vende e também às metas do profissional. "Quanto maior a instituição financeira, melhor", diz o consultor financeiro Gustavo Cerbasi.
Posteriormente, é recomendável verificar o que outras instituições financeiras oferecem com relação a taxas e produtos, e também consultar corretores de seguro especializados em planos de previdência. A partir daí, quem deseja investir pode contratar um consultor independente para decidir qual a melhor opção.
Fonte: iG