O Ibama devolveu à natureza mais uma leva de quelônios da Amazônia (tartaruga-da-amazônia, tracajá, pitiú etc.) numa ação de soltura de 100 mil tartarugas realizada em novembro nos tabuleiros de Walterbury, Nova Olinda e Vista Alegre , administrados pela prefeitura de Itamarati, município amazonense localizado a cerca de 983 km de Manaus. Dessa forma, o instituto já atingiu a marca de 70 milhões de filhotes restituídos a seu habitat pelo Programa Quelônios da Amazônia (PQA), mundialmente, o que mais reinseriu animais em seu ambiente natural.
O PQA, coordenado pela Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas (DBFlo/Ibama), é um instrumento de política de conservação da biodiversidade que tem como premissa básica a conservação das espécies de quelônios da Amazônia no local de origem por meio da pesquisa e do manejo. O governo federal criou o programa e coube ao Ibama gerenciá-lo por meio de parcerias com prefeituras, ONGs e comunidades locais.
O objetivo do PQA, além de promover a reintegração das espécies a seu ambiente, é fixar o homem no campo, com a geração de emprego e renda, proporcionando, assim, o bem-estar socioeconômico e ambiental das comunidades que povoam as bacias dos rios Amazonas e Araguaia-Tocantins. Os resultados até agora atingidos permitem que o Brasil seja reconhecido como o único país da América do Sul que ainda possui estoques significativos de quelônios passíveis de recuperação e viáveis a projetos de uso sustentável.
Para se ter uma ideia da evolução do programa, que já conta 35 anos de existência, em sua primeira atuação nos tabuleiros da região de Itamarati, havia apenas 54 tartarugas. Nesta, foram mais de 4.300 matrizes. Somente no estado do Amazonas, foram soltos, no total, cerca de 2,1 milhões de quelônios neste ano contra 1,2 milhão em 2013.
Muito utilizados na culinária, do indígena e do amazonense em geral, os quelônios vinham diminuindo ano após ano, principalmente, a tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa). Na época da desova, que ocorre entre agosto e setembro, os guarda-praias passam a madrugada de tocaia para saber onde as matrizes colocarão seus ovos. Eles também cuidam dos ninhos durante a incubação, contra invasores e predadores. Cada postura pode chegar a ter mais de 180 ovos, mas a média computada é de cem por ninhada. No local da desova, são fincados paus contendo informações de data. Após 60 dias, a areia é escavada e os filhotes já nascidos são colocados em piscinas, onde passam mais 20 dias à espera da soltura. Nessas piscinas, eles perdem o cheiro característico, que atrai predadores, e ganham mais força e agilidade, o que lhes confere maior potencial de sobrevivência.
A ação de soltura foi acompanhada de perto pela coordenadora de Geração de Conhecimento dos Recursos Faunísticos e Pesqueiros, da DBFlo/Ibama, Maria Izabel Soares Gomes da Silva, pelo superintendente do instituto no Amazonas, Mário Lúcio Reis, assessorado por Fábio Cardoso, e pelo prefeito de Itamarati, João Medeiros Campelo.
Fonte: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis