Quantas vezes já nos passou pela cabeça estar numa outra realidade de vida, longe de tudo e de todos que conhecemos? Não com o pensamento de sumir para nunca mais voltar, mas sim pela vontade de conhecer coisas novas e adquirir experiências inusitadas, conhecendo lugares vistos somente em fotos ou vídeos. Esta ideia não é somente dos adultos, ela está cada vez mais fixa na mente da garotada na faixa dos 14 anos.
Esta novidade pode estar tirando o sono de muitos pais que não sabem o que fazer quanto a esses anseios dos filhos. Será perigoso? É a hora certa? Essas dúvidas perturbam o cotidiano familiar, pois ser adolescente e conviver com um na maioria das vezes não é fácil.
“Não tenho uma visão estabelecida de quando é o melhor momento para se fazer intercâmbio e os pais adoram perguntar isso: o jovem está preparado? Não, claro que não. Há complexidade demais por trás de uma escolha dessas para se sentir preparado. Mas, se há coragem e desejo, então já há o suficiente para se levar na mala”, diz a diretora da Yes! Cuiabá, Laura Santiago.
Para os pais acostumados a serem os defensores, solucionadores de problemas, tanto quanto cuidadores zelosos de seus filhos, a perspectiva de deixá-los muito fora de seu alcance pode ser preocupante. Muitas vezes jovens acabam por não participar de programas de intercâmbio internacional simplesmente por causa de preocupações de seus pais ou por medo.
E quais foram alguns dos fatores que ajudaram os pais a fazerem a mudança de acreditar que seus filhos se beneficiariam mais indo para o exterior do que se ficassem em casa? Para muitos, foi o fato de conversarem com o líder da viagem, ou com a família hospedeira, ou com o diretor da escola, e também atendendo orientações com os organizadores do intercâmbio, enfim, entendendo quem seriam os “defensores, os cuidadores de seus filhos”, na ausência dos pais.
Cada detalhe é essencial para acalmar os pais e animar os filhos. Os estudantes que fizeram um intercâmbio internacional sempre relatam o quanto isso fortaleceu a relação com sua família, o quanto aprenderam a valorizar mais tudo o que seus pais lhes ensinaram sempre, e a aceitar mais o jeito de ser e os cuidados que estes sempre tiveram com eles, ajudando-os em todas as circunstâncias.
Com o avanço da tecnologia, internet e smartphones, as distâncias diminuíram consideravelmente. Os pais também precisam estar cientes de que um estudante de intercâmbio também experimenta momentos de altos e baixos, que são comuns nos ajustes interculturais, mas que não devem ficar excessivamente preocupados se notarem isso acontecer, apenas continuar dando seu apoio emocional, conversando e sendo compreensivos.
É isso o que acontece quando se faz um intercâmbio. O custo realmente não é baixo, mas se forem feitas economias e uma programação deste sonho, ele se tornará possível e valerá cada centavo. Isto, mesmo sabendo que esta experiência de vida no exterior será vivenciada em todo o seu melhor e pior de viver em outro país.
No intercâmbio é preciso se adaptar a novos costumes e regras, com um cotidiano diferente do habitual. Por isso, é imprescindível o espírito de intercambista, ou seja, a mente aberta para se adaptar às novidades e situações adversas. É importante ser independente, pois mesmo tendo um suporte por trás de você a experiência é exclusivamente sua! Portanto, o melhor proveito dessa experiência depende de você!
Sair da zona de conforto
Em países desenvolvidos já é comum filhos saírem de casa pelo estudo. E no Brasil a procura por estudar fora rompe as barreiras internacionais com o intercâmbio escolar. Os Estados Unidos estão sempre em destaque no destino dos cuiabanos. Há ainda o Canadá, por ter ótimos preços quando comparados aos dos EUA, Europa, Austrália e Nova Zelândia por aqueles que curtem mais baladas e esportes. A Inglaterra é a preferida para os com perfil mais tradicional.
Um intercâmbio deste tipo significa adquirir experiências, criar responsabilidades e autonomia. Vai além de aprender outro idioma. É a possibilidade de imergir numa outra cultura fazendo amizades.
Para fazer um intercâmbio você precisa estar disposto a sair da zona de conforto. É normal estar acostumado a fazer as coisas do próprio jeito e as pessoas que vivem juntas já são tolerantes a esses comportamentos e manias.
Quando se participa de um intercâmbio, tudo isso precisa ser revisto e, acreditem, não é fácil! A diretora a Laura Santiago conta que um ex-aluno fez intercâmbio de trabalho nos EUA em 2012 e foi morar com mais sete pessoas totalmente desconhecidas. Apesar de serem todos brasileiros, ele era o único cuiabano em uma casa com cariocas e mineiros. Tudo funcionava como um Big Brother sem câmeras. “No início era uma grande família feliz, mas com o passar do tempo foram surgindo os grupos, as brigas e a menor discordância poderia virar uma discussão sem fim”, conta.
É preciso ter muito jogo de cintura pra não deixar isso atrapalhar seu intercâmbio e a sua estadia ali, pois numa casa de família é possível que terá de arrumar sua própria cama, às vezes até rastelar a grama, o que para muitos seria estranho. Mas no exterior é muito comum. ‘Relevar’ é a palavra-chave!
Muita gente fala sobre se adaptar à cultura do lugar, mas se adaptar às outras pessoas talvez seja até muito mais difícil. No entanto, uma vez superadas as dificuldades, a amizade e o aprendizado conquistado fazem tudo valer ainda mais a pena.