O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) leva para três capitais do país – Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília – toda a obra cinematográfica em 35 milímetros do autor italiano Pier Paolo Pasolini. A mostra fará uma retrospectiva completa, em película, do cineasta, incluindo documentários filmados na Índia e na África – inéditos no Brasil – que têm proximidade com a obra de Glauber Rocha e cineastas contemporâneos dos anos 1960 e 1970.
A mostra de cinema Pasolini, ou Quando o Cinema se Faz Poesia e Política de Seu Tempo teve início no CCBB Rio de Janeiro (16 de outubro a 10 de novembro), estreará em São Paulo na próxima semana (22 de outubro a 16 de novembro) e terminará em Brasília (5 a 24 de novembro).
“Em 1969, Pasolini faz um texto-poema chamado Notas Para um Poema sobre o Terceiro Mundo em que descreve a vontade de filmar no Brasil, na Índia, na África e nos Estados Unidos, nos guetos americanos. Foi aí que vi que tinha um recorte que nos interessava”, conta Flávio Kactuz, curador da mostra e também pesquisador e professor de cinema da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Kactuz ressalta que a obra de Pasolini dialoga com a época em que viveu, em que vieram à tona importantes reivindicações e contestações pela igualdade de direitos, além das diversas “rebeliões” comportamentais ocorridas no ocidente. “Como se não bastasse, o poeta italiano também assistiu ao desenfreado processo desigual de industrialização e à febre incessante de consumo que dominou a Itália nesse mesmo período”.
Entre outras passagens destacadas da sua vida está a expulsão do Partido Comunista Italiano, em 1949, por razões morais, e sua condenação, por blasfêmia, devido ao filme A Ricota, em 1963. Pasolini, entretanto, foi várias vezes premiado, inclusive pela Igreja Católica, que indicou seu filme O Evangelho segundo São Mateus como a obra que melhor traduz o espírito do cristianismo.
Agência Brasil