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Delator acredita que PMs extorquiam traficantes no Rio

Um policial militar denunciado na Operação Amigos S/A, que prendeu uma quadrilha de PMs acusados de cobrar propina de moradores e comerciantes na Zona Oeste do Rio, disse em depoimento que desconfiava que o esquema também extorquia dinheiro de traficantes de drogas.Como mostrou o Bom Dia Rio nesta terça-feira (23), o policial, que foi delator nas investigações, tinha vínculo direto com os oficiais que comandavam a corrupção.

De acordo com o depoimento, uma das funções deste PM era fazer depósitos na conta de um oficial do 14º BPM (Bangu). As quantias variavam entre R$7,5 mil e R$13 mil, dependendo do faturamento da semana. O cheiro de maconha nas cédulas seria o motivo da desconfiança do delator em relação ao vínculo com o tráfico, segundo promotores do Ministério Público.O PM que ajudou nas investigações disse ainda que era um homem de confiança da quadrilha e que tinha a função de diversificar as fontes de extorsão com a fiscalização de caminhões, mototaxis e cooperativas de vans.

Ranking de batalhões
Sem deixar claro no depoimento a data exata, o delator contou que em 2012 foi transferido do 41º BPM (Irajá) para o 14º BPM (Bangu). A mudança para o batalhão de Bangu significava uma promoção para os agentes que participavam do esquema, já que era nesse local que circulava mais propina. Ele detalhou ainda em ofício sobre uma espécie de ranking feito pelos servidores corruptos da PM sobre os batalhões onde se conseguiria mais dinheiro.

O juiz responsável pelo caso, disse que o depoimento dado pelo policial confirmou a identificação dos suspeitos e ajudou a entender como funcionava a divisão de tarefas e a hierarquia do grupo. Com a delação premiada, o policial recebeu o direito de responder em liberdade por associação criminosa e pode ter a pena reduzida em caso de condenação.

Propina de R$15 mil 
O policial afirmou que ouviu de oficiais presos na operação que todos os batalhões da polícia eram obrigados a pagar uma quantia de R$ 15 mil ao Estado-Maior da PM. A assessoria da Polícia Militar informou que o comandante geral da corporação, coronel Luís Castro Menezes, ficou indignado ao tomar conhecimento do depoimento e classificou as declarações como absurdas. Ainda segundo a assessoria, todas as denúncias serão investigadas com rigor.

Segundo o depoimento prestado ao Ministério Público, a informação sobre o repasse do dinheiro para o Estado-Maior foi dita ao policial pelo major Edson e pelo major Neto, de maneira reservada, em mais de uma ocasião.Por meio de nota, a PM esclareceu que tal depoimento se refere ao período em que o coronel Alexandre Fontenelle comandou o 41ºBPM e que "não se refere à atual gestão do comando-geral da corporação".
 
A operação
Coordenada pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança (Seseg), com apoio do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco), a operação prendeu no dia 15 de setembro 25 pessoas, sendo 24 policiais militares denunciados por integrar um esquema de arrecadação de propina de comerciantes e transporte irregular na região de atuação do 14º BPM (Bangu).

Entre os presos estavam cinco oficiais, incluindo o chefe do Comando de Operações Especiais (COE), coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira, e o subcomandante do COE, major Edson Alexandre Pinto de Góes. Ambos foram exonerados dos cargos.

G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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