A adolescente Júlia Apocalipse, de 13 anos, que perdeu dois dentes ao ser agredida em uma escola em Sorocaba (SP) no dia 9, voltou a sorrir. Ela passou por um tratamento dentário nesta quarta-feira (17), em uma clínica especializada em Atibaia (SP). "Ela está radiante", diz Débora Apocalipse, mãe da menina, sobre o novo sorriso da filha.Segundo informações do boletim de ocorrência, Júlia foi agredida na saída da escola Hélio Del Cístia, no Jardim São Guilherme, por uma jovem de 16 anos, que a estava esperando na calçada. A vítima correu para o pátio, mas foi seguida e continuou apanhando. Em nota, a Secretaria da Educação do Estado negou que a agressão tenha ocorrido dentro da escola e informou que a agressora não está matriculada naquela instituição de ensino.
Segundo o pai, a vítima apanhou "por ser bonita".Me contaram que ela [a agressora] batia na minha filha e gritava: ‘Quero ver quem vai te querer agora, quero ver você ser bonita agora’, disse o aposentado em entrevista ao G1 no dia 10.O tratamento dentário, que foi oferecido à adolescente de forma gratuita, usou uma tecnologia considerada nova no Brasil, segundo a clínica. A boca da estudante foi escaneada e uma impressora 3D produziu os dois dentes perdidos com a agressão. "O tratamento é rápido e praticamente indolor", explica a dentista Luciana Saraiva.
Apesar de um dos dentes da estudante ter sido arrancado pela raiz, a dentista explica que a máquina, que custa cerca de R$ 800 mil, consegue produzir a prótese independente da gravidade do caso.A mãe de Júlia não conseguiu esconder a felicidade de, depois de tanto sofrimento, ver a filha podendo sorrir de novo. "Ela não consegue parar de se olhar no espelho", afirma Débora sobre o implante da menina, que também recebeu um aparelho provisório na parte superior para ficar com o sorriso alinhado.
Investigação
No dia 11 a agressora esteve na Delegacia de Infância e Juventude (Diju) com o tio, que é seu tutor legal, e disse que bateu na adolescente para defender uma amiga. "Ela chamou minha amiga de 'macaca'", afirmou na ocasião.Após a suposta ofensa, segundo ela, as duas passaram a trocar mensagens com ameaças, até que Júlia a bloqueou. Ela decidiu, então, ir até a porta da escola para "tirar satisfações". "Na escola continuamos a briga, ela caiu e mordeu meu pé. Depois, rolou pela escada e desmaiou", disse.
A jovem também disse que não sabe o motivo pelo qual a vítima ficou tão machucada. "Não sei o que ela fez na boca para ficar daquele jeito. Dei alguns murros, mas não foram fortes."O delegado Carlos Marinho ouviu Júlia no dia seguinte. Segundo ele, ela afirmou que nunca havia conversado com a agressora, nem pelas redes sociais.O caso segue, por enquanto, como ato infracional de lesão corporal.
Perdão à agressora
Em entrevista ao G1 no sábado (14), Júlia afirmou que perdoa a agressora (Veja vídeo ao lado), mas que jamais esquecerá o que passou.Ela poderia ter chegado conversando, me conhecido, visto quem sou, daí tenho certeza que tudo isso não teria acontecido. Não desejo mal a ela [agressora], peço para que ninguém faça nada, pois a polícia está fazendo a parte dela. Peço que Deus abençoe a agressora, para que ela mude, ser assim violenta não vai levá-la a lugar nenhum, diz.
Ela conta que no dia 5 recebeu uma mensagem de texto por meio de um aplicativo para celulares de um número desconhecido.Era a agressora dizendo que não gostava de mim e que era para eu ficar esperta que iria apanhar na terça-feira. Ela diz que bloqueou a agressora do celular e deletou as mensagens.
No dia da agressão, Júlia conta que saiu sozinha pelo portão e não encontrou o pai, mas sim um grupo grande de pessoas.Vi a agressora caminhando na minha direção de braços cruzados. Ela me disse ‘Late aí então, não gosto de você, você é muito metida’, mas respondi: 'Se sou metida o problema era meu'. Ela me mandou ajoelhar e pedir perdão, como me neguei levei o primeiro soco na boca, descreveu. "A partir daí só me defendi. Empurrava e fazia de tudo para ela sair de cima de mim, disse.
Depois a estudante caiu, conseguiu se levantar e correu para dentro da escola.Apanhei mesmo foi dentro da escola, desci a rampa correndo, ela puxou meu cabelo, caí, rolei o lance de escadas e desmaiei, conta. Algumas testemunhas disseram à família que mesmo desacordada, Júlia continuou apanhando.A estudante negou ter feito ofensas racistas para qualquer amiga da agressora.Nem a conheço, nem sei que são seus amigos e amigas, disse.
G1