Para o diretor e coreógrafo da peça, Luciano Oliveira, o objetivo da escola é que os alunos trabalhem as próprias emoções, por se confrontarem com o desafio de ‘encenar uma peça para o público externo’ e façam uma associação entre tudo que aprenderam e viveram ao longo do Ensino Médio com a vida. “Algo é muito peculiar nesta peça, todos os personagem são protagonistas, pois representam integrantes da nossa sociedade, é um convite à reflexão, um choque de realidade, mas, ao mesmo tempo uma redenção, um bálsamo de esperança”. A peça estreia nesta quinta- feira (7), às 20h, no teatro da CDL, na capital.
Político corrupto, profeta, malandro, militante, mãe de que se sacrifica pela família, pai alcoólatra, ‘moça da vida’, cantor em busca dos seus sonhos e que luta para sobreviver da arte, a realidade de famílias de retirantes que fugiram da seca do Nordeste e que sonham em voltar para casa, o problema das favelas e seus favelados, a mortalidade infantil, a corrupção, tudo isso misturado a um espírito de luta incrível. Esses são alguns dos personagens e sua carga emocional. Para o estudante Henrique Coltri, fica bem claro que o momento atual em que não só Brasil vive, mas o mundo, é um apelo pelo equilíbrio entre as necessidades individuais e as coletivas, o que é mais importante, o que é melhor apenas para mim e minha família ou o que é melhor para a sociedade? Felizmente na peça o político corrupto perde as eleições, e o desejo da turma composta de 12 alunos, entre 17 e 18 anos, é justamente que neste momento ‘a vida imite a arte’. Sobra esperança nos olhos e corações desses jovens que anseiam por um Brasil e um mundo melhor.
Mais que ‘interpretar’, Oliveira explica que participar do espetáculo proporciona aos estudantes trabalhar sentimentos que ajudarão na hora de enfrentar a vida, especialmente nesse momento em que a turma define sua vida profissional e enfrenta o vestibular. A preparação reuniu esforços de alunos, pais e professores, que estão trabalhando para que o momento seja perfeito há cerca de três meses, entre as atividades desenvolvidas estão leitura, adaptação do texto, escolha de personagens, decorar falas, ajudar na divulgação, composição de figurino, busca de patrocínio, cenário e também venda de ingressos. Realizado desde 1995, o teatro é incluso no currículo escolar no 8º e no 12º ano da Escola Livre Porto Cuiabá, trazendo obras importantes da literatura universal e nacional. Por se tratar de um período em que o jovem está no terceiro setênio (fase dos 14 aos 21 anos), inúmeras mudanças físicas e psicológicas abruptas acontecem. Uma delas é a busca por um ideal, a partir do teatro é possível obter exemplos e conceitos sobre justiça, verdade, honra, sonhos e liberdade. “Eles percebem que podem fazer, que são capazes, importantes, criativos, podem se expressar, mas precisam se esforçar, ter responsabilidade, espírito de equipe, valores que nem sempre estão muito claros ou não são valorizados na sociedade”.
A obra
Dias Gomes se baseou num fato real: no final dos anos 50, um edifício em construção próximo ao estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, foi invadido e ficou conhecido como Favela do Esqueleto. Hoje a favela não existe mais, no edifício funcionam alguns cursos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Na obra, o autor aborda o problema dos sem-teto nos centros urbanos. Enfoca o proletariado urbano como massa onde no possível a emergência do protagonismo. O enredo mostra um grupo de favelados, desalojados por uma enchente que ocupam esse edifício em construção e passam a viver oprimidos entre as promessas de políticos demagogos e a exploração de negociantes inescrupulosos.
Quer assistir?
As vagas são limitas, ligue e reserve seu ingresso na Escola Livre Porto Cuiabá: (65) 3028-6625/ 3028-6421. A peça será entre os dias 7 e 10 de agosto, no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). O ingresso tem preço promocional de R$ 10.
Assessoria