O novo romance retrata acontecimentos sócios religiosos ocorridos na década de 1930 em várias regiões do estado, cujos líderes carismáticos aglutinaram em torno de si quantidade significativa de seguidores, esperançosos de melhores dias, alicerçados na fé.
O livro Tristes Ais, livremente inspirados nesses acontecimentos, traz a baila a história da Batica dos Tristes Ais, personagem fictícia, mulher rejeitada por ser havida por lelé da cuca. Após engravidar do Zalongão, ambos são expulsos, ajuntando os trapos, indo morar num lugar isolado, sobrevivendo inicialmente da caça e da pesca.
Nesse contexto de penúria, sem nenhuma perspectiva de melhores dias, Batica dos Tristes Ais encontra-se com uma mulher morena, de feição indefinida, que se auto intitula “Nossa Senhora do Santo Cristo”. A partir desse encontro a mulher se torna milagreira, atraindo pessoas em busca de cura.
Em pouco tempo o rancho donde morava tornou-se num fervilhante local de peregrinação. Para os esquecidos, abandonados nos grotões do mundo, renasceu a esperança em melhores dias, vislumbrando a terra prometida. Em Tristes Ais o autor resgata essa página da história, bem como a própria mitologia pantaneira e o jogo político, tão peculiar a esta terra sem lei ainda nos dias de hoje, cuja justiça era emblematicamente representada pelo calibre 44, a lei do mais forte, da força das armas, da mira certeira, do atirar primeiro.
Tristes Ais, apesar de nos brindar com algumas histórias hilárias, é uma obra realista, triste, pois nos mostra as agruras da vida, as dores da alma, o cotidiano do cidadão comum, esse ser abandonado ao léu, lembrado apenas em época de eleição, verdadeira massa de manobra nas mãos dos poderosos, os donos do poder. Batica representa essa gente sofrida, discriminada, à margem da sociedade, pessoas movidas unicamente pela crença de que o amanhã será melhor, pois acreditam que a virtude é mais desejável que o ouro.
Tristes Ais, a comunidade fundada pela Batica, salta aos olhos como história inacabada, de cenas dos próximos capítulos da novela de nossas vidas, do círculo vicioso da maldade, da corrupção e dos escândalos políticos que tenazmente permeia a história de Mato Grosso. Batica dos Tristes Ais ousou desafiar o status quo ao estabelecer-se como líder religiosa, capaz de atemorizar os detentores do poder, receosos de um novo tempo, no qual ela alçaria voo nas asas da liberdade, pousando sobre eles.
A obra traz em suas páginas o quão cruel o ser humano pode ser ao defender seus ideais e, principalmente, a sua posição social. Na defesa do que julga ser o melhor, amparado no direito por dominação, a casta dominante usa de métodos alienatórios e violentos para manter-se no poder. Assim, a realidade suplante a ficção.
Para os amantes da literatura eis uma ótima dica de leitura. O livro pode ser adquirido através dos sites www.biblioteca24horas.com (inclusive no formato e-book) e www.amazon.com, e a partir do dia 10 de julho estará disponível na Livraria Janina. Outro fato importante é que o autor, a convite da sua editora, estará participando no dia 24 de agosto do corrente ano da 23ª Bienal do Livro, que acontecerá no Pavilhão de Exposições Anhembi, em São Paulo, entre os dias 22 e 31 de agosto.
Da Assessoria