Um forte aparato policial espalhado nos endereços mais nobres da Capital para o cumprimento de 70 mandados de busca e apreensão e mais dois pedidos de prisão expedidos contra o deputado estadual José Riva (PSD) e o ex-secretário de Estado, Eder Moraes, expôs figuras políticas e membros de poderes constituídos no suposto esquema para praticar crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.
Um mês depois, apenas Eder que continua preso na Papuda, e o ex-secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Fazenda, Vivaldo Lopes, que deixou o cargo após a repercussão do caso, enfrentam na prática as consequências da operação, paralelamente às defesas. Os estragos da operação ainda são avaliados tanto no campo político – com a eleição que se aproxima – quanto na esfera judicial, que ainda não tem prazo para cumprir todo o trâmite processual, que pode terminar ou não na condenação dos envolvidos.
As investigações da PF e do Ministério Público Federal (MPF) respingam no governador Silval Barbosa (PMDB), no senador licenciado, Blairo Maggi (PR), cujos processos correm em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF). Além deles, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Sérgio Ricardo, e o promotor de Justiça, Marcos Regenold, foram alvo de mandados de busca e apreensão. Este último pediu afastamento do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e o conselheiro solicitou férias por 20 dias.
Uma lista com nomes de promotores e procuradores foi encontrada entre os documentos apreendidos na casa do de Eder, ex-braço forte dos governos de Maggi e Silval. Pivô da operação, o empresário Junior Mendonça, dono das empresas Globo Fomento Mercantil, Comercial Amazônia Petróleo, foi o responsável por citar e confirmar os nomes de autoridades políticas e de representantes de poderes nos depoimentos, na condição de delator premiado.
Um deles foi o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), que confirmou ter pedido empréstimo à empresa. Porém, nega qualquer triangulação com o exercício do mandato à frente da prefeitura de Cuiabá. Segundo as investigações, Mendonça concedeu empréstimos às pessoas físicas e jurídicas e auxiliou na ocultação da origem de recursos recebidos por empresas privadas.
Acusado de exercer influência nas gestões de Maggi e Silval, Eder continua detido no presídio da Papuda, em Brasília. Já o senador e o governador recorreram ao STF para anular as investigações, que apontaram a atuação de Moraes no âmbito estadual para conseguir empréstimos para pagamento de gastos de campanhas políticas e para outros fins.
Conforme o inquérito, o ex-secretário se serviu da instituição financeira informal operada por Junior Mendonça tanto como interlocutor da classe política mato-grossense quanto para fins próprios. A PF suspeita que Lopes tenha emprestado empresa de sua propriedade para receber depósitos avaliados pelo ex-secretário. As operações são consideradas clandestinas por não ter regulamentação junto ao Banco Central do Brasil.
Fonte: Só Notícias