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Polícia aponta causa de queda de avião no Pantanal que matou um dos maiores arquitetos do mundo

A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul apontou que o avião que caiu na região de Aquidauana, no Pantanal, na terça-feira, 23, com um dos maiores arquitetos e urbanistas do mundo, o chinês Kongjian Yu, dois documentaristas brasileiros – Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr. – e o piloto Marcelo Pereira de Barros bateu em uma árvore antes da queda.

“Bateu na árvore, perdeu sustentação, caiu e incendiou. Todos morreram na hora”, disse a delegada Ana Cláudia Medina em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo.

Galhos encontrados na fuselagem do avião e imagens da própria equipe ajudaram a polícia a reconstruir a dinâmica do acidente.

Ainda de acordo com a reportagem publicada neste domingo, 28, o avião Cessna 175 tentou pousar fora do horário permitido para a pista. “Já era uma operação irregular, porque só poderia operar até 17h39”, disse a delegada.

Testes de visibilidade foram feitos pela polícia para avaliar as condições exatas do voo. Segundo as investigações, o piloto tentou, às 18h03, sem visibilidade, fazer a primeira tentativa de pouso desalinhado e precisou arremeter. Na segunda tentativa, a aeronave colidiu com uma árvore de cerca de 20 metros a aproximadamente 300 metros da cabeceira.

Conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava habilitada para voo diurno, não estando equipada para voar à noite ou em condições de mau tempo. Nesse tipo de operação, o piloto precisa manter contato visual com o solo e usar o horizonte para se orientar no trajeto. Ainda segundo a Anac, a aeronave tinha registro para serviços aéreos privados, mas não tinha autorização para operar como táxi aéreo.

Mesmo com as investigações da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da Força Aérea Brasileira, segue apurando o caso.

Avião foi fabricado em 1958

Segundo o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o avião foi fabricado em 1958 e adquirido em 2015 pelo atual proprietário, o piloto Marcelo Pereira de Barros, que morreu no acidente. A aeronave tinha capacidade para um tripulante e três passageiros.

Em 2019, a aeronave foi apreendida por causa do transporte irregular de turistas e ficou sem operar até 2024.

O advogado Djalma Silveira, que defende o piloto Marcelo Pereira de Barros no processo judicial que resultou na apreensão da aeronave, disse que ele nunca usou o avião como táxi aéreo. “Quem conhece o Pantanal sabe a distância e o isolamento das fazendas em épocas de cheia. Os pilotos em geral usam seus aviões para prestar socorro a pessoas ilhadas, vítimas de ataques de animais peçonhentos e outras emergências. Eventualmente os fazendeiros pagam os custos de combustível, mas não é uma situação recorrente.”

Segundo o defensor, Barros estava abrindo a empresa Aero Safari para voos turísticos e tinha mandado imprimir alguns cartões que foram apreendidos pela polícia. “Isso foi usado para abrir o processo contra ele por suposta atuação como táxi aéreo, o que na verdade não ocorreu. Após a apreensão, verificou-se que ele usava uma bateria de automóvel para alimentar um sistema do avião, o que foi corrigido depois.”

Silveira diz que recorreu à Justiça e conseguiu a liberação do avião em 2022. “Como a aeronave tinha ficado mais de dois anos ao relento, foi preciso fazer uma reforma acompanhada pela Anac, e ele só pôde voltar a voar em 2024. Agora, com o falecimento dele, a ação que tramita na Justiça será extinta”, diz.

Estadão Conteudo

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