As unidades de saúde continuam sofrendo com o abandono do poder público, sendo inclusive necessária a intervenção da Justiça para assegurar o pagamento de médicos e a reposição de medicamentos.
De acordo com servidores e pacientes, desde que o Estado reassumiu a administração desses hospitais, as cirurgias eletivas começaram a ser adiadas por tempo indeterminado, e com isso algumas pessoas chegam a ficar mais de uma semana internadas no hospital sem qualquer solução, gerando assim mais gastos para os cofres públicos.
Segundo o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Alta Floresta, Thiago Incerti, o hospital se encontra em verdadeiro estado de calamidade desde janeiro, quando a SES assumiu a administração, e nem mesmo com liminar da Justiça o Estado está realizando o pagamento dos médicos que já estão há três meses sem receber, e o valor acumulado já chega a R$ 3,3 milhões.
“Sem pagamento, os médicos estão mantendo apenas as cirurgias de urgência e emergência, mas muitos já estão pedindo o desligamento do hospital, tanto que a ala de ginecologia será fechada nos próximos dias. E o que mais está incomodando os médicos é o fato de o processo de transição estar obscuro, pois não há nenhum esclarecimento se o hospital ainda pertence ou não ao Ipas”, diz Incerti.
Sobre a falta de esclarecimento, o presidente do Conselho informou que apesar de o governo ter ‘assumido’ a administração, o diretor do Ipas continua dentro do hospital. Contudo, nem a OSS nem o Estado estão pagando os fornecedores dos hospitais.
“A falta de estrutura está chegando a ponto de realizar o atendimento de um parto na porta do hospital. Para os administradores do hospital de Alta Floresta, o fato de ninguém ter morrido ainda é considerado uma vitória”, lamenta o presidente da Comissão de Saúde.
Para garantir o pagamento dos médicos em Alta Floresta, o Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) pediram o bloqueio de R$ 3 milhões da conta do Estado. A ação foi acatada pelo juiz José Mauro Nagib, da Terceira Vara de Alta Floresta.
Para o Conselho Municipal de Saúde esse pedido ameniza a situação do hospital, mas não resolve por completo, pois os médicos continuarão com a insegurança de não continuar recebendo. Segundo Thiago Incerti, o Estado deveria cumprir com a responsabilidade sem ser necessária a intervenção da Justiça.
Segundo a decisão do magistrado, o MP pede o bloqueio de valores na conta do Estado de Mato Grosso, até o montante de R$ 3.379.247,25, valor correspondente ao débito do Estado para com os médicos.
“Hospital de Colíder vive pior momento da história”
O Ipas, entidade que geria o Hospital Regional de Colíder desde abril de 2012, teve o contrato reincidido pelo Estado em fevereiro deste ano, após duras criticas dos vereadores e prefeito do município.
Entre as reclamações dos representantes públicos estava a gestão do hospital, que segundo eles vive o pior momento de sua história, a unidade que já foi referência na região hoje não consegue atender de forma básica os pacientes que buscam atendimento na unidade, faltam ambulâncias para levar pacientes à capital do estado, leitos de UTI que estão desativados por estarem danificados e até materiais básicos como luvas descartáveis.
Entre os problemas apontados no hospital está a inadimplência por mais de 120 dias do Ipas com fornecedores, prestadores subcontratados pela Organização Social de Saúde – no caso específico, o Corpo Clínico dos hospitais – e também o não pagamento de água, luz e materiais hospitalares, que resultaram no risco de paralisação das atividades dos hospitais e na precarização do atendimento à população.