A existência do tubarão dourado foi realmente comprovada e explicada por cientistas como uma condição genética chamada albino-xantocromismo
Era verão de 2024 quando um grupo de pescadores esportivos saiu para pescar como de costume no Parque Nacional Tortuguero, na Costa Rica, mas o que eles encontrariam lá revolucionaria a biologia marinha para sempre: um tubarão dourado, reluzente como ouro.
O animal se tratava de um tubarão-lixa de quase dois metros. No entanto, o que chamou atenção não foi o tamanho, mas sua pele dourada brilhante e olhos totalmente brancos. Surpresos, os pescadores fotografaram o animal e o devolveram ao mar.
Tubarão dourado realmente existe ou a imagem foi manipulada?
As fotos rapidamente chegaram a especialistas locais, mas muitos duvidaram da autenticidade.
“No começo, ninguém acreditava. Muitas pessoas disseram que a foto devia ser manipulada”, contou Daniel Arauz Naranjo, diretor executivo do CREMA (Centro de Resgate de Espécies Marinhas Ameaçadas de Extinção) à National Geographic.
Tubarão dourado chamou atenção de pesquisadores – Foto: Reprodução/ND
No entanto, após análises minuciosas, a equipe confirmou que se tratava de um registro genuíno e extremamente raro.
Por que o tubarão era dourado?
O mistério da coloração foi explicado por uma condição genética chamada albino-xantocromismo. Essa anomalia combina duas mutações diferentes.
O albinismo reduz a melanina, clareando a pele e os olhos, enquanto o xantocromismo provoca pigmentação amarelada ou alaranjada.
Separadamente, ambas já foram documentadas em tubarões. Porém, segundo estudo publicado em agosto de 2025 na revista Marine Biodiversity, é a primeira vez que essas duas condições aparecem juntas em um tubarão-lixa.
Existem outros tubarões dourados?
Até hoje, não há registros de outro tubarão, de qualquer espécie, que apresente simultaneamente albinismo e xantocromismo.
De acordo com a bióloga Marioxis Macias, coautora do estudo, o encontro foi “uma descoberta surpreendente e sem precedentes”.
Ele foi o único exemplar encontrado até hoje – Foto: Reprodução/ND
Isso faz do tubarão dourado da Costa Rica um exemplar científico valioso, capaz de ampliar o entendimento sobre variações genéticas raríssimas no reino animal.
Como os tubarões-lixa costumam se camuflar?
Normalmente, os tubarões-lixa possuem pele em tons de marrom claro a marrom escuro.
Essa coloração lhes permite se misturar ao fundo arenoso do mar, ajudando tanto na caça de presas quanto na proteção contra predadores, como tubarões maiores e crocodilos, principalmente durante a fase jovem.
A camuflagem é, portanto, uma ferramenta vital de sobrevivência. O que torna a cor dourada do animal capturado na Costa Rica uma fraqueza. Contudo, o exemplar fotografado parecia saudável e em bom estado.
Para Daniel Naranjo, uma explicação possível está no ambiente onde foi encontrado: águas turvas próximas à foz de rios, onde a visibilidade é naturalmente baixa. Nesse cenário, a falta de camuflagem pode não ser tão prejudicial.
Cor reluzente do animal pode prejudicá-lo na natureza – Foto: Reprodução/ND
A cientista independente Melissa Cristina Márquez, especialista em tubarões, sugere que outros fatores também podem ter ajudado, como a ausência de grandes predadores na região ou até comportamentos específicos adotados pelo animal.
Ela considera a descoberta “fascinante”, lembrando que “a coloração rara nos mostra o quanto existe variação natural, mesmo em espécies que pensamos conhecer bem”.
Qual a importância do tubarão dourado para a ciência?
O registro do tubarão dourado não só comprova a existência de uma condição genética inédita, como também reforça a importância da colaboração entre pescadores e cientistas.
Sem as fotos compartilhadas pelos pescadores, esse animal poderia ter passado despercebido. Além disso, abre espaço para novas pesquisas sobre mutações e adaptação marinha.
Foto Capa: Reprodução/ND
Fonte: https://ndmais.com.br