Um ano atrás, Daniela Caielli passou por uma experiência importante: o nascimento do filho. Mas ela conta que durante o parto teve muitos problemas com a equipe médica que a atendeu.Eu cheguei para ser atendida por uma equipe de plantão. Então eu não conhecia o médico ou as enfermeiras que iam me atender. Eu sofri por parte do médico agressão verbal. Quando eu perguntava o que ele estava fazendo, o que ele ia fazer, o que estava acontecendo, ele falava: ‘Não pergunta, porque pergunta gera anticorpo. Eu tenho 30 anos de obstetrícia, lembra.
Depois, a educadora diz que passou por um processo de violência.Antes de eu receber a anestesia, o obstetra não comunicou o que ele ia fazer, ele girou o meu bebe dentro de mim para posicionar melhor, e eu não sabia o que estava acontecendo e doeu muito, conta.Ela diz que o filho também sofreu duas fraturas no crânio, ao ser retirado pelo médico.Foi bem desrespeitoso e traumático. Toda essa fragilidade física gera impacto. E a preocupação com o filho, porque sempre fica o fantasma. Será que ele vai desenvolver alguma coisa?, questiona Daniela.
Casos como esse são cada vez mais frequentes. No fim do ano passado, o Ministério Público Federal instaurou um inquérito civil para apurar as denúncias. Neste momento, 20 maternidades públicas e privadas estão sendo investigadas em São Paulo.A procuradora da República diz que recebe denúncias semelhantes de casos de violência obstétrica do país inteiro. Médicos, enfermeiros são acusados de desrespeitarem os direitos das pacientes. Falta muito treinamento por parte dos profissionais de saúde e realmente a fiscalização do abuso dos procedimentos, porque muitos procedimentos são necessários em alguns casos. E o problema é que eles são feitos em todo mundo, em todos os casos. E quando você faz um procedimento agressivo e doloroso sem necessidade, ele acaba sendo uma violência obstétrica, afirma Luciana da Costa Pinto.
A Sociedade de Obstetrícia de São Paulo afirma que os médicos são sempre orientados a tratar o paciente com respeito.O que nós pregamos é que a paciente tenha uma orientação, que ela seja atendida de uma forma adequada, ética, que tenha um atendimento seguro e isso faz parte da relação médico-paciente, ressalta Maria Rita de Souza Mesquita.De acordo com o Ministério Público Federal, casos mais graves podem configurar constrangimento ilegal e até, crime de lesão corporal.
G1