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Português que ofereceu R$ R$ 3,2 mil por cabeça de brasileiro é preso

O português que afirmou que pagaria € 500 (cerca de R$ 3,2 mil na cotação atual) para cada pessoa que levasse até ele “a cabeça de um brasileiro” foi preso nesta segunda-feira, 8, pela Polícia Judiciária de Portugal, equivalente à Polícia Civil no Brasil. O homem, identificado pelo jornal português Público como João Paulo Silva Oliveira, de 56 anos, foi detido em sua casa e não ofereceu resistência. Ele é investigado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Santa Maria da Feira por incitação à violência.

No vídeo publicado em seu perfil no TikTok, Oliveira usa o termo “zucas” – uma forma reduzida da expressão “brazucas” – para se referir aos brasileiros. “A cada português que trouxer a cabeça de um brasileiro, desses zucas que vivem aqui em Portugal, estejam legais ou ilegais, cada cabeça que trouxer cortada rente ao pescoço, eu pago € 500”, afirmou o homem.

A Polícia Judiciária afirmou, em nota, que o conteúdo afeta “gravemente o sentimento de tranquilidade e de segurança na comunidade” de imigrantes. “A divulgação do referido vídeo tornou-se viral, mobilizando a opinião pública em seus diversos quadrantes e provocando forte alarme social”, acrescentou.

Oliveira já tinha antecedentes criminais por crimes contra o patrimônio e era investigado pela Polícia Judiciária antes mesmo do vídeo viralizar. O órgão disse que as denúncias recebidas apenas corroboraram “a gravidade da conduta do suspeito”.

De acordo com o Público, o português foi alvo de uma queixa-crime apresentada ao Ministério Público por 39 advogados. O documento indica que ele pode ter cometido incitação ao homicídio, ameaça com declarações intimidatórias contra uma comunidade, discriminação e incitação ao ódio devido à nacionalidade, apologia pública do crime e terrorismo, com motivação xenofóbica e nacionalista.

O homem foi apresentado à Justiça nesta terça-feira, 9, mas ainda não foi definido se seguirá preso ou responderá em liberdade.

Repercussão do caso

O vídeo de Oliveira viralizou e revoltou a comunidade brasileira em Portugal. A influenciadora Daniele Mattos, conhecida por falar sobre os desafios da vida de imigrante, publicou um vídeo nas redes sociais no qual responde a afirmação do homem e aponta que manifestações violentas de portugueses contra brasileiros têm raízes históricas.

A presidente da Casa do Brasil de Lisboa, Ana Paula Costa, classificou a fala do português como “grave”. “Esta é a expressão mais perversa, violenta e criminosa do discurso anti-imigração, do racismo e da xenofobia em Portugal”. “A comunidade brasileiro é, há anos, a maior comunidade imigrante em Portugal. Contribuímos para o país de diversas formas, seja pela cultura, pelo trabalho, pela produção acadêmica ou pelos laços de afetividade”, afirmou Ana Paula no Instagram. “Que o Ministério Público faça o seu trabalho. Dos pasteleiros aos políticos, Portugal não pode deixar o ódio prosperar.”

O homem trabalhava preparando doces e sobremesas na padaria Variante, em Aveiro, a cerca de 250 quilômetros de Lisboa. O estabelecimento informou que ele foi demitido e que não aceita nem compactua com “qualquer forma de racismo”. Em outra publicação no Instagram, a padaria disse que sua equipe é formada por pessoas de diferentes origens, como brasileiros, santomenses, venezuelanos e portugueses. “Condenamos qualquer atitude racista e reiteramos o nosso compromisso em manter um ambiente de respeito e inclusão”, acrescentou.

Estadão Conteudo

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