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Eleição legislativa de Buenos Aires tem participação de 63% dos eleitores

O Conselho Eleitoral da província de Buenos Aires anunciou neste domingo, 7, que 63% dos eleitores registrados votaram nas eleições legislativas provinciais. As sessões eleitorais foram fechadas às 18h e os primeiros resultados serão divulgados a partir das 21h.

A participação surpreendeu as previsões iniciais e indica que os argentinos vão votar de forma massiva nas eleições legislativas nacionais, marcadas para o dia 26 de outubro. O pleito na província de Buenos Aires ganhou importância nas últimas semanas após um escândalo de corrupção que abalou o governo de Javier Milei, uma economia estagnada e um veto ao aumento a aposentados e pessoas com deficiência.

Serão eleitos neste pleito 46 deputados e 23 senadores locais – seriam como os deputados estaduais no Brasil, mas num sistema bicameral. Em termos de eleitorado, a província de Buenos Aires – que é diferente da capital federal Buenos Aires – seria semelhante ao Estado de São Paulo, pois concentra 14 milhões de eleitores, em um país de 45 milhões de habitantes. Por isso, o pleito se tornou uma disputa aberta entre Milei e o governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, um dos mais importantes kirchneristas da atualidade e potencial candidato à presidência em 2027.

Peronismo ganha espaço em meio a queda de popularidade de Milei

Até 15 dias atrás, várias das pesquisas de intenção de votos davam vantagens sem precedentes aos candidatos libertários – alinhados ao governo – em sete das oito seções em disputa. O único local onde havia empate era no distrito número 3, o segundo maior em eleitorado e o maior reduto peronista do país. Mas problemas relacionados à economia e denúncias de corrupção prejudicaram a popularidade do governo.

Sondagens contratadas pela administração Milei apontam empate na maioria dos distritos, enquanto as sondagens opositoras veem vantagem de até cinco pontos para o peronismo. Depois de uma forte recessão seguida de uma recuperação surpreendente a ponto de alcançar consecutivos superávits históricos, a economia argentina entrou em modo de estagnação. Depois de alcançar 25% em janeiro de 2024, a inflação argentina recuou para 2% ao mês, segundo o último dado, mas ainda segue em 36% na taxa interanual. Economistas dizem que a inflação estagnou, mas em patamar ainda alto.

Além disso, as aposentadorias e pensões para pessoas com deficiência estão muito abaixo do mínimo para a cesta básica, e os vetos do presidente para reajustar os valores têm desagradado até mesmo sua base eleitoral e no Congresso. Por causa de um desses vetos, Milei e sua vice, Victoria Villarruel, romperam publicamente.

O respeitado Índice de Confiança no Governo, medido pela Universidade Torcuato di Tella, também deu notícias negativas ao governo. A aprovação da gestão Milei teve uma queda de 13,6% em agosto em comparação com o mês anterior. Já comparado com agosto do ano passado o recuo foi de 16,5%, uma das maiores quedas até agora.

Escândalo de corrupção atinge Karina Milei

A esse cenário já ruim se soma o escândalo de corrupção que envolve a irmã do presidente, Karina Milei, também secretária-geral da presidência. Segundo áudios vazados por outro funcionário do governo, cerca de 8% dos valores de compra de medicamentos para pessoas com deficiência teriam sido destinado a pagamentos ilícitos, dos quais 3% supostamente iam para Karina. Ela votou na tarde deste domingo junto a uma escolta de militantes do partido Liberdade Avança e conversou pouco com jornalistas.

Peronistas se dividem

Já os apoiadores da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner estão se dividindo entre a casa da líder peronista, que cumpre prisão domiciliar, e o comitê de campanha do Força Pátria, em La Plata, capital da província. O governador Axel Kicillof convocou os peronistas a se reunir no comitê de campanha, enquanto o deputado Máximo Kirchner, filho de Cristina, foi à casa da ex-presidente, no bairro Constitución, na capital, Buenos Aires, onde também convocou sua militância. Máximo é líder de uma dissidência mais à esquerda dentro do peronismo que se chama La Cámpora. Embora seja um peronista-kirchnerista, Kicillof protagonizou disputas abertas com Máximo, expondo uma cisão dentro do movimento. (Com informações de Carolina Marins)

Estadão Conteudo

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