No documento divulgado hoje, o BC retirou uma frase que estava contida nas ata da reunião anterior, em fevereiro. A autoridade monetária retirou a frase de que o BC "entende ser apropriada a continuidade do ajuste das condições monetárias ora em curso". Em seu lugar, afirmou apenas que o "Copom entende ser apropriado ajustar as condições monetárias".
O entendimento de que o BC está adotando um discurso menos duro também há havia sido feito pelos analistas do mercado financeiro, com base na frase divulgada pelo BC logo após a última reunião do Copom. Ao anunciar a elevação dos juros para 11% ao ano, no fim de abril, o BC informou que "irá monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".
Nos comunicado da reunião anterior, de fevereiro, o recado do BC era um pouco mais forte. A instituição informava que estava "dando prosseguimento" ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013 e que, por isso, havia decidido elevar os juros para 10,75% ao ano em fevereiro.
Expectativa do mercado financeiro
A expectativa da maior parte dos analistas do mercado financeiro, até o momento, é de que o Banco Central promoverá um novo aumento nos juros básicos da economia brasileira no fim de maio. A previsão é de outra elevação de 0,25 ponto percentual, para 11,25% ao ano.
Para o mercado financeiro, este deverá ser o último aumento de juros deste ano e, portanto, também do governo da presidente Dilma Rousseff. Em 11% ao ano, atual patamar, os juros já estão acima do nível registrado no início de seu mandato – apesar de terem atingido a mínima histórica de 7,25% ao ano entre outubro de 2012 e abril do ano passado.
IPCA de março e metas de inflação
Essas avaliações, porém, foram feitas pelo Banco Central no fim do mês passado, antes da divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, ocorrida nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE). O índice somou 0,92%, o maior para meses de março desde 2003. Em 12 meses, a alta acumulada é de 6,15%, acima dos 5,68% relativos aos 12 meses anteriores.
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2014 e 2015, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Política monetária 'especialmente vigilante'
Apesar de ter retirado, na ata do Copom de abril, de que entendia ser "apropriada a continuidade" do processo de alta dos juros, o Banco Central manteve a avaliação de que a política monetária (de definição dos juros básicos da economia para controlar a inflação) deve se manter "especialmente vigilante" para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.
G1