“Nenhum setor cresce sem a indústria da construção civil. Mas lamentamos que as empresas de fora, com o aval do governo, não tenham utilizado o conhecimento e a experiência que já tínhamos da região. Poderíamos contribuir e ajudar” – o desabafo é do presidente do Sindicato das Indústrias da Construção do Estado de Mato Grosso (Sinduscon), Cezário Siqueira Gonçalves Neto. Ele reconhece que a Copa gerou euforia em virtude da visibilidade que o evento pode trazer e a consequente elevação do padrão de qualidade de serviços e produtos. E a construção civil, por ser uma indústria de base que viabiliza outros tipos de negócios, recebe os benefícios diretos que eventualmente ocorrem, mas também pode sair prejudicada por uma gestão ineficiente do poder público.
Para explicar sua argumentação, o presidente cita um estudo publicado pela Ernst & Young – uma das maiores empresas de auditoria do mundo – em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicado em 2010, que apontou que a Copa tem potencial de investimentos diretos no país de mais de R$ 142 bilhões. Ainda de acordo com o levantamento, 3,6 milhões de empregos serão gerados por ano, aumentando a renda da população em mais de R$ 63,4 bilhões e assim impactando diretamente o mercado de consumo interno.
Cesário Siqueira, contudo, queixa-se que o volume de recursos pouco beneficiou as companhias do Estado, afirmando que “nem 20% deles foram gastos com empresas daqui”. Ele exalta os profissionais e organizações da região que “agiram de maneira profissional e positiva ante os desafios que se desenhavam para a viabilidade do evento”. No entanto, para Cezário, o governo deixou escapar a oportunidade de adquirir conhecimento e assimilar tecnologias de fora que foram empregadas em Cuiabá e região.
“Empresas vieram aqui, aplicaram tecnologia e depois que o contrato acabar elas irão embora. Quem irá dar manutenção nessas obras depois? Sempre que precisarmos, iremos buscá-la fora do Estado?”, diz.
Mas nem tudo são críticas para a área, segundo o empresário da construção civil. A demanda por mão de obra está alta e os salários tiveram aumento considerável nos últimos anos. “O salário dos trabalhadores na construção civil aumentou quase cem por cento nos últimos quatro anos”, afirma.
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