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Rosa Freire d’Aguiar leva o Jabuti de 2024

A jornalista, tradutora e editora Rosa Freire d’Aguiar foi a vencedora do Livro do Ano na 66.ª edição do Prêmio Jabuti, por Sempre Paris: Crônica de uma Cidade, Seus Escritores e Artistas (Companhia das Letras). Os ganhadores das 22 categorias foram revelados pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) em cerimônia apresentada pela atriz Adriana Lessa e realizada na noite de terça-feira, 19, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

“É inacreditável. Eu fico muito feliz (em vencer) com um livro de jornalista”, contou Rosa ao Estadão minutos após receber o prêmio. Ao resgatar memórias e entrevistas do tempo em que viveu na capital francesa ao lado marido, o economista Celso Furtado (1920-2004), a autora constrói um rico retrato sobre um período de efervescência. “Tenho ali algumas entrevistas que cresceram em perspectiva histórica, com a distância no tempo”, comenta.

Na categoria Romance Literário o vencedor foi Itamar Vieira Junior, com Salvar o Fogo (Todavia) – que trata da difícil vida de mulheres no sertão baiano, enfrentando a violência e as disputas religiosas e de terras -, repetindo o feito de 2020, quando foi premiado na mesma categoria pelo best-seller Torto Arado.

Na abertura da cerimônia, a presidente da CBL, Sevani Matos, falou sobre o cenário de queda no número de leitores no Brasil, observado na pesquisa Retratos da Leitura, divulgada também na terça-feira. Segundo o estudo, o País perdeu 6,7 milhões de leitores.

Sevani destacou a importância das políticas públicas voltadas para o livro e os leitores, para que se reverta o cenário e os índices de leitura possam avançar. Para a presidente, é urgente a aprovação da Lei Cortez, que prevê a fixação do preço de capa de um livro em seu primeiro ano de vida.

A homenageada como Personalidade Literária de 2024 foi Marina Colasanti. Aos 87 anos, e com mais de 50 anos de carreira, a autora ítalo-brasileira – que coleciona nove estatuetas do Jabuti – foi escolhida “por sua contribuição à literatura, com livros que tratam de temas universais de maneira simples e poética, conquistando leitores de todas as idades”.

FILME

A escritora foi homenageada com o filme Marina Colasanti: Entre a Sístole e a Diástole, um documentário familiar dirigido por sua filha, Alessandra Colasanti, que traz depoimento de Marina sobre sua vida e obra, acompanhado por imagens da intimidade cotidiana da autora.

Alessandra recebeu o prêmio pela mãe, que acompanhou a cerimônia do Rio de Janeiro, onde a família mora. “É um reconhecimento por quase 60 anos de muito trabalho, dedicação, paixão pelo fazer literário”, agradeceu a filha. “Carrego uma imagem muito forte de minha mãe sentada, horas e horas, dia após dia, a vida toda, sempre com elaborações, projetos em mente. Um imaginário batendo asas.”

O colunista do Estadão Cláudio de Moura Castro venceu na categoria Economia Criativa, com O Mutirão das Árvores: Queremos Sombra e Água Fresca (BEI).

TRADIÇÃO

Realizado desde 1958, o Jabuti é uma das mais tradicionais premiações literárias do País e está dividido em quatro eixos: Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação. Ao todo, são 22 categorias – este ano, foram criadas três novas no eixo Não Ficão (Bem-Estar, Educação e Negócios). Ao todo, foram 4.170 obras inscritas, uma sutil queda em relação a 2023, com 4.245 obras.

O psicanalista, escritor e dramaturgo Contardo Calligaris, italiano radicado no Brasil, venceu o prêmio póstumo na categoria Saúde e Bem-Estar pelo livro O Sentido da Vida, recebido na cerimônia por seu filho. Calligaris morreu em 2021, aos 72 anos, em decorrência de um câncer. Outro prêmio póstumo foi o da categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior, vencido pela obra O Amor dos Homens Avulsos, de Victor Heringer. O autor morreu em 2018, aos 29 anos.

Quem ganha o maior prêmio, o de Livro do Ano, tem direito a R$ 70 mil e a uma viagem para a Feira de Frankfurt, na Alemanha. Os demais vencedores ganham R$ 5 mil cada um.

Estadão Conteudo

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