Angenor de Oliveira, conhecido como Cartola, nasceu no Catete, no Rio de Janeiro, no dia 11 de outubro de 1908. Era filho de Sebastião Joaquim de Oliveira e de Ada Gomes. Ele teve contato com a música muito cedo, pois frequentava as festas populares junto com familiares. Quando tinha onze anos, seus pais se mudam para o Morro da Mangueira, onde Cartola começou a frequentar a vida boêmia e as rodas de samba. Nessa época, tocava violão e cavaquinho. Aos 15 anos ficou órfão de mãe e seu pai o expulsou de casa, já que não estudava e nem trabalhava. Conseguiu emprego numa tipografia, mas foi demitido porque assoviava e cantava o tempo todo.
Começou a trabalhar na construção civil e acabou aprendendo a profissão de pedreiro. Nesse tempo, usava um chapéu-coco, e assim nasceu o apelido de “Cartola”. Sua vizinha de barraco, Deolinda da Conceição, casada, com uma filha e sete anos mais velha cuidava de Cartola, então com 18 anos. Os dois decidiram morar juntos e Deolinda deixou sua casa e levou sua filha, que Cartola criou como se fosse sua. Em 1928, no bairro de Mangueira, junto com Carlos Cachaça e outros integrantes locais eles fundaram um bloco carnavalesco que depois virou escola de samba, Estação Primeira, nome escolhido por ele, inclusive as cores verde e rosa. E foi assim que começou a história vitoriosa da mais tradicional Escola de Samba do Rio de Janeiro.
Em 1929, Cartola foi apresentado ao cantor Mário Reis, que estava interessado em ouvir e comprar alguns sambas do compositor. Mesmo desconfiado, Cartola vendeu “Que Infeliz Sorte”, que em 1930, foi gravado pela dupla “Mário Reis e Francisco Alves”. Em 1933, Cartola formou um conjunto vocal e instrumental com os compositores Wilson Batista e Oliveira da Cuíca, porém o trio durou pouco e Cartola continuou compondo e praticando sua tarefa predileta: a boemia. Conheceu Noel Rosa e se tornaram amigos, apesar de nunca terem feito samba juntos. Cartola ficou doente tempos depois e sua companheira falece enquanto cuidava dele. Ele se afasta do morro e só volta pra Mangueira anos depois pelas mãos de D. Zica, cunhada de Carlos Cachaça, que se tornaria sua esposa.
O casal recebia em sua casa grandes nomes do samba toda sexta-feira para conversar e fazer música. Dentre eles, Zé Kéti, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola entre outros. Com muita cerveja e acompanhado dos quitutes de Zica, o samba ia até altas horas. A casa ficou famosa e pouco depois surgiu a ideia do restaurante “Zicartola”, que funcionou na Rua da Carioca, no centro da cidade, que começou bem e foi decaindo com o passar dos anos. Cartola nunca parou de compor e viu seus sambas gravados por grandes nomes da MPB nos anos 60 e 70. No auge dos seus 67 anos ele compôs As Rosas Não Falam, que já foi gravada por vozes famosas e, assim, coroou sua carreira de grande compositor de morro carioca. Faleceu em 1980 deixando viúva Deolinda de Oliveira, Dona Zica, que continuou trabalhando na escola de samba fundada por seu marido. O link escolhido não poderia ser outro: As Rosas Não Falam, na voz de Emílio Santiago.
Foto: Veja