Economia

Consumidores já pagam mais por carro zero

A obrigatoriedade de airbag e freio ABS em 100% dos automóveis produzidos no país a partir deste ano também vai elevar os preços de carros populares entre R$ 1.000 e R$ 1.500.
 
Na concessionária Distac, em Laranjeiras, o vendedor João Batista diz que os descontos foram suspensos e que ainda aguardava da fábrica as novas tabelas.
 
— Antes dávamos um desconto de 1%, 2% até 4% sobre o preço sugerido, agora o consumidor paga o preço como está — afirma Batista.
 
O gerente da concessionária Ford Superfor, em Botafogo, André Armaroli, demonstra preocupação com as vendas em janeiro.
 
— Não tem como não repassar — afirma Armaroli. — O IPI acabou e estamos temerosos. A última semana de dezembro foi de aquecimento das vendas. O imposto reduzido vem sustentando as vendas desde 2008 e 2014 pode ser um ano difícil.
 
Segundo ele, 60% dos carros no estoque já tiveram preços reajustados, mas ainda há flexibilidade para negociar com clientes no restante dos veículos.
 
Na concessionária Simcauto, em Botafogo, o gerente William Rodrigues também demonstrava preocupação com as vendas. Ele diz que nem o 13º salário foi capaz de fazer com que as vendas atingissem as expectativas. Ele afirma que a concessionária prepara queima de estoques 2013 para tentar impulsionar as vendas no início do ano.
 
— A queima de estoque vai fazer com que o carro saia com preço bom e atrair compradores. Nosso estoque tem fôlego para promoções até fevereiro. O IPI novo vai repercutir só em março, mas vamos ter que repassar para o consumidor — afirma. — Os preços de carros 1.0 vão ficar muito próximos dos de 1.4. O carro 1.0 nunca foi uma estrela e agora a situação vai piorar.
 
O aposentado Claudio Varsano peregrinava pelas concessionárias do Rio ontem ao lado do filhos, à procura de um carro novo.
— Estamos pesquisando os preços, ainda não é compra. Achamos os preços um pouco caro. Mas não estamos focando no IPI porque temos um carro antigo e pretendemos trocar — afirma.
 
Desde quarta-feira, a alíquota de IPI para os carros com motor 1.0 — os chamados populares — passou de 2% para 3%. Para os veículos com motores acima de mil e abaixo de duas mil cilindradas flex, o percentual passou de 7% para 9%. Já para os veículos com mesmo motor, mas movidos apenas a gasolina, a alíquota subiu de 8% para 10%. Nos utilitários, a alíquota subiu de 2% para 3%. Em julho, todas as alíquotas podem subir ainda mais, voltando aos níveis originais.
 
Como a maioria das montadoras continua em férias coletivas esta semana, a maior parte dos carros disponíveis na concessionárias neste início de ano foram faturados no ano passado, e ainda têm preços sem o acréscimo do IPI.
 
O airbag e o freio ABS também devem deixar os carros novos mais caros. Armaroli, da Ford Superfor, afirma que no caso do Ford Ka, veículos produzidos agora terão um aumento de R$ 1.000, ou cerca de 4% sobre o preço sugerido de R$ 24.200.
 
Vendas aquecidas em dezembro
 
Na Volkswagen, a produção será retomada somente na próxima semana, mas a montadora já trabalha na confecção da nova tabela de preços sugeridos para os seus modelos 2014, que além do acréscimo do IPI trarão também o custo adicional do airbag e dos freios ABS agora obrigatórios.
 
Esses dois acessórios devem representar um acréscimo entre R$ 1.000 a R$ 1.500 especialmente nos preços dos carros populares, com motor 1.0. Para os modelos que já tinham esses itens de série, não haverá acréscimo.
 
Se o panorama é incerto para as concessionárias nas vendas de janeiro, os dados mostram que dezembro foi aquecido. Os brasileiros correram às concessionárias no mês passado para comprar carros zero. De acordo com dados preliminares do Renavan (que registra os licenciamentos de carros novos), as vendas de automóveis e comerciais leves em dezembro atingiram 335,9 mil unidades, superando os 323,8 mil carros vendidos em julho, até então o melhor mês de 2013 para o setor.
 
O bom desempenho no mês passado, contudo, não evitou a primeira queda de vendas no mercado brasileiro de automóveis em dez anos: 2013 fechou com 3,576 milhões de carros comercializados no país, 1,6% a menos que no ano anterior.
 
Fonte: O Globo

Redação

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