Com a operação, o delegado-chefe adjunto da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), Fernando Cocito, acredita que o jogo do bicho não funcionará mais na capital do país. “Exterminamos o jogo do bicho na data de hoje. Estaremos atentos para qualquer tentativa de ressurgimento do jogo”, disse o delegado, chefe da operação.
Diferentemente de outras ocasiões, desta vez os responsáveis pelas quadrilhas serão enquadrados pela nova lei que define organização criminosa. Aprovada este ano, a Lei 12.850 modificou o Código Penal e tornou mais severas as punições para essa prática criminosa, com pena de reclusão de 3 a 8 anos, que pode ser elevada.
De acordo com Cocito, a Operação Armadilha é resultado de seis meses de investigações e conseguiu desbaratar duas quadrilhas que atuavam há mais de 15 anos como jogo do bicho. Chefiadas por Hélio Cesar Alfinito, conhecido como Helinho, e João Carlos dos Santos, elas dividiram o Distrito Federal em duas grandes áreas de exploração da jogatina.
Uma compreendia as regiões administrativas da Asa Sul, do Guará, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo, de São Sebastião e do Cruzeiro. A outra comandava o jogo ilegal na Asa Norte, Ceilândia, no Paranoá, em Sobradinho e Planaltina. “Essas quadrilhas estavam enraizadas no Distrito Federal. Eles pintaram e bordaram por aqui e estamos colocando um ponto final nisso”, frisou Cocito.
Segundo ele, o faturamento mensal da máfia chegava a R$ 3 milhões por mês e o aumento na arrecadação era comemorado em restaurantes e casas de luxo da capital do país. Para legalizar o dinheiro, as quadrilhas usavam laranjas e empresas de fachada. “As empresas adquiriam bens moveis e imóveis em nome de terceiros e deles próprios”, explicou o delegado.
As empresas eram uma imobiliária, chamada Vila Isabel, localizada no Lago Sul, e uma empresa de fabricação de bobinas, a Bobinas.com, que produzia as máquinas usadas no jogo do bicho. “Essa era uma associação mais sofisticada, com soldados do crime, gerenciamento, divisão de tarefa. Estão sendo autuados pelo crime de organização criminosa”, reforçou Cocito.
Também foram presos hoje Leonardo Fernando Lins, genro de Helinho, Jerônimo Natividade, João Rufino, Luiz Francisco Magalhães de Almeida e o policial militar aposentado Wilians Fernandes de Morais.
Agência Brasil