Para o superintendente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, a alta registrada não tem “nenhuma justificativa técnica”. Vacari aponta que a evolução do preço da carne teve alta relativamente similar para produtores e frigoríficos, subindo 78,56% e 85,27% respectivamente, mas questiona o motivo de o alimento chegar ao consumidor com uma alta de 165,5%.
“Estamos acompanhando as margens de operação do produtor, da indústria e do varejo. O que se percebe é que a arroba do boi e a margem dos frigoríficos tiveram valorização mais ou menos próximas, diferente do varejo, que registrou alta bem mais acentuada. Qual a justificativa?”, pergunta ele.
E essa alta já foi mais acentuada em 2013. Em março, a evolução do custo da carne no varejo foi de 197,65% em relação ao ano-base de 2005 (ver figura 1). Nem mesmo a subutilização da capacidade industrial instalada no Estado – que este ano registra média de apenas 46,5% do total – ou o aumento do abate das fêmeas, que até aqui atingiu 48,8% dos animais que vão para os frigoríficos, explica esse incremento, tendo em vista que essa é uma tendência verificada desde 2010.
O superintendente da associação dos criadores faz duras críticas ao varejo, afirmando que o segmento vem praticando uma política “irresponsável”. Para ele, as margens de operação do comércio que chegaram ao consumidor final, ao longo dos anos, estão muito acima do justo e os empresários do ramo estão obtendo vantagens nas “costas” dos produtores e dos frigoríficos de Mato Grosso.
“Apesar de o confinamento ser 12% menor este ano e das exportações baterem recordes, não há razão para o consumidor sair prejudicado, pois o varejo tem margem para praticar preços mais justos”, afirma ele.