Pois está para acabar uma das poucas certezas que temos na TV: a de que mais dia, menos dia veremos de novo Matthew Broderick colocando Chicago para dançar ao som de "Twist and Shout".
A média da "Tela Quente" da Globo era de 34,1 pontos em 2006. Neste ano, a sessão de filme da segunda-feira acumula média de 19,8 pontos. Cada ponto equivale a 62 mil domicílios na Grande SP.
Mas o inquilino pronto para ser despejado da grade da Globo é a "Sessão da Tarde". A faixa vespertina do canal é a que mais perdeu telespectadores nos últimos dez anos.
É cada vez maior o coro, na Globo, para que o sanduíche "Vídeo Show", "Vale a Pena Ver de Novo" e "Sessão da Tarde" ganhe outro recheio.
Além de alterar o "Vídeo Show", que a partir de novembro terá Zeca Camargo no comando, a Globo estuda tirar a "Sessão Tarde" do ar. Ao ser perguntada, a emissora não nega e diz que "analisa sua grade de forma permanente". Um outro horário de reprises de novelas e uma atração ao vivo são cotados para a faixa.
A rede, que tem contratos com as distribuidoras Fox, Disney, Paramount e Sony, afirma que os filmes representam hoje 10% de sua programação e atribui a queda de audiência ao aumento de renda das famílias brasileiras, o que permite mais idas ao cinema e acesso a serviços pagos que oferecem filmes.
Outro que pode abandonar um curinga é o SBT. Dono de um dos melhores pacotes entre os canais abertos, pretende não renovar o contrato de exclusividade dos filmes e desenhos da Warner Bros.
Silvio Santos, que tem acordo com a produtora americana há 14 anos, já negocia um pacote mais em conta e menor. A Warner quer R$ 40 milhões anuais pelo seu conteúdo, que alimenta as principais sessões de filmes do SBT. Dele é que vem a série de longas do Harry Potter.
Não há mágica que salve a audiência dos filmes. O SBT viu seu "Cine Espetacular" passar de 11,7 pontos em 2006 para 6,7 em 2013.
Na Record, nem o investimento pesado em blockbusters como "Avatar" salvou o ibope da "Tela Máxima". Em 2006, o horário de filmes marcou média de 10 pontos. Neste ano, está na casa dos 5,6.
Para Helios Alvarez, diretor de vendas da Sony, filmes ainda têm relevância na TV aberta e é preciso analisar a queda de audiência em outros programas também.
"Apesar do crescimento da TV paga no país, 70% dos domicílios não a tem. Toda vez que surge um negócio novo, falam que o outro vai acabar. Não é assim", diz Ricardo Rubini, vice-presidente de distribuição da 20th Century Fox. Segundo ele, as emissoras não estão comprando menos pacotes de filmes ou preferindo pacotes mais baratos. "Elas estão mais seletivas, porque nem tudo funciona em termos de audiência como antigamente".
Folha