Para o diretor executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado de Mato Grosso (Sindipetróleo), Nelson Soares Junior, o investimento nesse tipo combustível é mais vantajoso em relação à gasolina ou derivados de petróleo, tendo em vista que toda produção de cana-de-açúcar – matéria-prima do etanol – é nacional.
“O etanol deve ser uma matriz energética cada vez mais incorporada na economia do nosso país, pois toda a produção é nacional. O Brasil, na verdade, exporta o produto para outros países. Essa condição é interessante se levarmos em conta a cadeia produtiva que movimenta o negócio, do plantio da cana até a chegada do combustível na bomba dos postos. Empregos são gerados e investimentos são feitos aqui dentro, sem intermediação do exterior”, analisa ele.
Investir no mercado de combustíveis renováveis, entretanto, não é fácil. Nelson Junior analisa que o Brasil tem uma política protecionista em relação a fontes de energia não renováveis (caso da gasolina, diesel comum etc.), afirmando que a Petrobras, a única empresa do país que fornece esse tipo de produto, também controla o preço praticado internamente, mesmo que fique com déficit entre os custos para produção ou importação e seu correspondente na comercialização.
“No entendimento do Sindipetróleo, a política atual do governo é protecionista, pois este utiliza a vantagem de dispor de uma estatal que controla o fornecimento dos combustíveis fósseis às distribuidoras, regulando o preço que chega ao consumidor. Isso provoca uma distorção, pois temos outras matrizes energéticas, como o etanol e o gás natural veicular (GNV). Como o governo subsidia parte do valor, o empresário do ramo sucroalcooleiro não se sente à vontade para investir”, diz ele.
Embora seja um ramo dos negócios que possa ter desvantagens, sob alguns pontos de vista, em relação aos combustíveis fósseis, os investidores que desejam aplicar na matriz energética também têm algumas benesses, como crédito especial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além da desoneração do PIS e Cofins. Nelson fala também da presença cada vez mais constante de carros do tipo flex no mercado, outro fator importante para o consumo.
“Hoje temos linhas de crédito junto ao BNDES que ajudam os produtores a cobrir custos, sobretudo na entressafra. Outra vitória foi a desoneração do PIS e Cofins, além da substituição da frota antiga de veículos leves pelos chamados flex: 98% dos carros vendidos no Brasil admitem o uso tanto do etanol quanto da gasolina”, diz ele.