Cálculos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que foram comercializados até o momento 43,3% da safrinha de milho local, atraso de 21,2 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado. Mas nas lavouras o trabalho não para. A colheita alcança 82% da área e o volume que saiu de campo, 15,4 milhões de toneladas, já é bem próximo das 15,6 milhões produzidas em toda a safrinha de milho de Mato Grosso no ano passado.
"Prevíamos que a colheita este ano chegasse a 17,4 milhões de toneladas, mas a evolução dos trabalhos nos últimos dias já aponta que essa estimativa deve ser ultrapassada", disse Daniel Latorraca, gestor do Imea. Em relatório divulgado ontem, a Conab projetou uma safrinha maior para Mato Grosso, de 19,21 milhões de toneladas. O volume corresponde a 42,5% do total de milho na safra de inverno brasileira. O Paraná, segundo maior produtor, deve colher 10,93 milhões de toneladas.
Segundo Latorraca, a produtividade maior, especialmente no médio-norte de Mato Grosso, ajudou a engordar a oferta da safrinha. A elevação do rendimento por hectare foi favorecida pelo clima, generoso este ano, e pelo investimento mais pesado em sementes e adubação.
Contudo, esse aumento no uso de tecnologia teve impactos diretos no custo de produção em Mato Grosso, que subiu 13%, para pouco mais de R$ 1,6 mil por hectare. Além disso, o valor oferecido pela saca de milho está abaixo de R$ 10 em muitas praças, ante um preço mínimo fixado pelo governo de R$ 13,02 por saca.
Recentemente, o governo federal interveio para tentar sustentar as cotações de pouco mais de 4 milhões de toneladas de milho em Mato Grosso com dois leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), que somaram 1,94 milhão de toneladas, e cinco leilões de contratos de opção de venda para outras 2,08 milhões. "As medidas foram importantes, mas esperamos que prossiga e contemple 7 milhões de toneladas", afirmou Maria Amélia Tirloni, gerente de relações institucionais da Aprosoja, que representa produtores de grãos do Estado.
Os problemas de escoamento orbitam em torno de outras velhas preocupações do setor, caso da infraestrutura de armazenagem. Segundo Maria Amélia, 15% da safrinha de Mato Grosso está alocada em silos-bag, estruturas temporárias de estocagem que têm custo significativo, mas são uma opção ao perigo de ter de deixar o grão ao relento.
Além disso, com a expectativa de que os agricultores de Mato Grosso se apressem para vender o restante do milho ainda em agosto, antes que a safra americana chegue ao mercado, a partir de setembro, a tendência é que os problemas logísticos se agravem.
Fonte: Peixoto On-Line