A Feira do Porto, famoso ponto de vendas de alimentos básicos em Cuiabá, é um bom exemplo de vendedores que precisam embutir os custos da produção na negociação com os clientes. José da Silva Barros, o Barrozinho, trabalha há mais de vinte anos como feirante. Em seu box, no Porto, o comerciante prepara as mandiocas recém-adquiridas. A habilidade com que utiliza a faca para descascar as raízes também possui nas respostas às perguntas sobre os custos das vendas do produto, afirmando que o preço segue uma velha lógica do mercado: a da oferta e a da procura, sublinhando os gastos com o transporte.
“Quando pouca gente investe na produção, o custo é maior. Nos últimos anos vem ocorrendo um aumento de produtores, isso ajudou a baratear a mandioca. Na roça, uma saca de 60 kg é vendida por R$ 8. Mas quando adicionamos a mão de obra, que varia de R$ 6 a R$ 7, mais o custo do frete (R$ 15), o preço final sobe, sobretudo porque os produtores de mandioca estão distantes cem quilômetros, no mínimo, de Cuiabá”, diz ele.
No caso do milho produzido por grandes produtores, os custos de transporte também compõem parte importante do preço final oferecido ao consumidor. Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que o transporte da produção responde por 6% em média no preço final das prateleiras de supermercado. O Estado é o maior produtor do grãono país, durante a segunda safra, e tem uma produção prevista para 17,4 milhões de toneladas no período 2012/2013, distribuídos numa área de 3 milhões de hectares.
Os comerciantes das feiras vivem uma realidade diferente dos grandes produtores, que dependem basicamente do pequeno e médio produtor para oferecer seus produtos nos mercados e feiras. Cerca de 40% de todos os alimentos básicos que o mato-grossense consome vem desse tipo de produção. E os feirantes não se queixam apenas do transporte e da logística quando precisam colocar um preço pouco competitivo em seus produtos. Antônio Amaral, outro comerciante da Feira do Porto, fala das dificuldades de comercialização do produto.
“Compro um saco de milho com noventa espigas por um custo médio de 70 reais. Depois, vendo cada dúzia a 12 reais, ou em pequenas bandejas com cinco espigas, geralmente por 4 reais. Quando o consumidor compra está pagando a mão de obra e os custos de transporte, além do valor necessário para adquirir o milho com os produtores. Isso porque nosso fornecedor está em Cuiabá. Se estivesse em cidades mais distantes, o preço seria mais alto”, pondera.