Cidades

Falta de medicamentos de alto custo gera pânico

Helena (nome fictício), de 48 anos, está com problemas pulmonares há mais de quatro anos e diz que a última vez que recebeu o remédio foi em janeiro deste ano. Desde então, está com dificuldades para manter o tratamento. “Tenho vivido de ‘amostra grátis’ que um médico me arruma de vez em quando; se ele não tem, meu vizinho me ajuda a comprar”, relata a paciente, que toma três caixas do medicamento por mês – cada uma custa R$100.

A paciente diz que precisa fazer exames periodicamente para obter os remédios; já fez dois exames que valem por três meses e até agora não obteve sucesso. “A validade dos que fiz já venceu e continuo sem remédio”, desabafa a senhora. Helenaentrou com o pedido de aposentadoria para ter rendimentos fixos e está à espera do julgamento do juiz. “Fico com medo ainda mais prejudicada se souberem que dei entrevista”, diz a mulher, justificando o anonimato.

A servidora pública estadual Mariléia [que também pediu que se omitisse o sobrenome por medo de represálias] está há dois anos sem o colírio que trata seu glaucomacontraído há sete anos. Está sem atendimento médico porque seu pai é quem pagava o convênio, mas “a situação apertou”.

Conta a servidora que entrou na Justiça em 2010 para obter o colírio,mas até agora não teve uma resposta da Defensoria. “Vou quase toda a semana na farmácia e eles dizem que não chegou o remédio. Cada colírio custa R$150 e uso três por mês. Com o salário que eu ganho não consigo comprar”. Várias vezes em que ela foi em busca do colírio encontrou a farmácia fechada devido à greve dos funcionários: “Dizem que nem o povo que trabalha aqui está recebendo”, especula a paciente. Mariléia relata que a Auditoria da Saúde sempre mandava carta avisando quando o medicamento estaria disponível e que, agora, nem atendem ao telefone.

Pedro Alves é diabético e precisa de insulina para controlar a doença. Sua peregrinação atrás do remédio é quase que rotina: “Vou à farmácia e o que mais vejo são os pacientes diabéticos voltarem com seus ‘isoporzinhos’ vazios para casa”. Quando não pode ir até a farmácia, ele liga para saber se chegou o medicamento e, na maioria das vezes, a resposta é negativa. O paciente teve de diminuir a dose da insulina para economizar, pois senão não conseguiria cumprir com seus compromissos. Pedro ficou quase três meses sem a insulina e precisou desembolsar quasemil reais por mês.

 

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Redação

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