A explicação dada por economistas para os cenários divergentes encontra-se na escolha de políticas econômicas opostas por parte dos países, desde a crise de 2008. À medida que na Europa a orientação voltou-se para uma política de austeridade – buscando restaurar a confiança através do controle do déficit, dos gastos públicos e de uma política de estabilidade monetária -, o Brasil optou por incentivar o consumo através do aumento do crédito, diminuição dos juros e exoneração de impostos.
“Nossa solução foi diferente e a curto prazo está dando certo. O presidente Lula e a sucessora Dilma aumentaram o crédito, baixaram os juros, desoneraram impostos como o IPI. Isso facilita para as empresas e favorece o consumo. A população gastando mais movimenta a economia e o emprego aumenta”, explica a professora de economia da UFF, Inês Patrício.
O economista Samy Dama, da FGV, é cauteloso e diz que o governo precisa aumentar a oferta para que este cenário se sustente. Ele lembra que a demanda por produtos cresceu, mas a oferta não está acompanhando.
"Esse cenário de emprego a todo vapor é muito positivo, mas não é sustentável se o governo não trabalhar na oferta. Digo que o Brasil está se aproximando do modelo argentino que é um modelo fracassado. Nossa mão de obra é pouco qualificada e as empresas são pouco competitivas", avalia.
O relatório
O relatório Tendências Globais de Emprego para a Juventude, divulgado nesta quarta-feira (8) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que a fraca recuperação da economia mundial nos últimos dois anos agravou a crise de emprego entre os trabalhadores dos 15 aos 24 anos.
Segundo a OIT, a situação dos jovens é mais difícil nos países desenvolvidos, atingidos mais intensamente pela crise financeira internacional. Em 2012, a taxa chegou a atingir 54,3% na Espanha, 54,2% na Grécia, 38,7% em Portugal, 34,4% na Itália e 31,4% na Irlanda. De 2008 a 2012, o desemprego de trabalhadores entre 15 e 24 anos foi 24,9%, em média.
Já no Brasil, o índice de jovens brasileiros desempregados caiu quase pela metade na última década, passando de 22,6% em 2002 para 13,7% em 2012.
Fonte: Jornal do Brasil