Todo mundo pode se candidatar, mas com as condições de ser maior de 18 anos e falar bem inglês.
No total, a "Mars One" busca 24 voluntários ou seis grupos de quatro de diferentes nacionalidades, que farão a viagem de ida com dois anos de intervalo, sendo a primeira partida prevista a partir de 2022.
A organização aposta na cobertura midiática do projeto para angariar recursos e financiar boa parte da missão.
As principais qualidades esperadas dos candidatos são "capacidade de adaptação, tenacidade, criatividade e compreensão dos outros", enumerou Norbert Kraft, diretor médico da "Mars One".
Os quatro primeiros voluntários deverão pousar em Marte em 2023, após uma viagem de sete meses. Sua chegada e seus primeiros passos para tentar montar uma colônia no planeta vermelho dará lugar à exibição de um "reality show", explicou o holandês Bas Lansdorp, co-fundador da 'Mars One', durante a entrevista coletiva.
"O objetivo da 'Mars One' é levar os seres humanos a Marte. Precisamos do interesse do mundo para fazer isto acontecer", explicou Lansdorp.
"Diferentemente da cobertura televisiva dos Jogos Olímpicos, a 'Mars One' pretende manter o interesse da mídia mundial de forma duradoura após a seleção dos astronautas, seu treinamento, lançamento e chegada a Marte", explicou Bas Lansdorp.
A empresa já recebeu "10.000 e-mails de pessoas de mais de cem países diferentes interessadas nesta missão", acrescentou.
A primeira rodada de candidaturas online se estenderá até 31 de agosto próximo. Especialistas da "Mars One" elegerão os aspirantes a astronautas que continuarão na disputa.
Em seguida, cada país escolherá um candidato e finalmente restarão entre 24 e 40 pessoas que serão treinadas para a missão.
Sem o retorno, os custos da viagem diminuem consideravelmente e a primeira missão, com quatro astronautas, é estimada em seis bilhões de dólares, explicaram os encarregados da 'Mars One'.
"Parece um montão de dinheiro. E na verdade é um montão de dinheiro. Mas imagina o que vai acontecer quando as primeiras pessoas pousarem na superfície de Marte. Todo mundo vai querer ver", entusiasmou-se Landsdorp.
Este projeto tem provocado muito ceticismo, mas recebeu o apoio do cientista holandês Gerard't Hooft, ganhador do Nobel de Física em 1999, presente na coletiva.
"Ainda sou cético, devido aos contratempos e complicações, mas isto é tecnicamente possível", disse Hooft aos jornalistas.
Até agora só foram realizadas duas missões não-tripuladas, com robôs enviados a Marte, ambas gerenciadas com sucesso pela Nasa. A última está em andamento, avaliada em 2,5 bilhões de dólares. O protagonista é o veículo-robô Curiosity, que pousou no planeta vermelho em agosto de 2012.
O projeto da Mars One traz vários desafios. Além da impossibilidade de os astronautas voltarem à Terra, eles terão que viver em pequenos habitats, encontrar água, produzir o próprio oxigênio e cultivar seus alimentos em um ambiente hostil.
Marte é um grande deserto com sua atmosfera constituída, sobretudo, de dióxido de carbono e onde a temperatura média é de 63 graus Celsius negativos.
Os astronautas também deverão suportar radiações cósmicas perigosas durante a viagem. Por fim, ainda não há um foguete e uma cápsula para transportar os voluntários.
Mas para os membros da "Mars One", o maior risco é o financiamento, afirmou Lansdorp, o que não impede que a organização sonhe alto.
"O objetivo de longo prazo é ter uma colônia permanente, não só mandar gente para lá", afirmou Norbert Kraft, diretor médico do programa.
Fonte: Agência da Notícia