O recital será presidido pelo pianista Luis Renato Dias, que interpretará obras como Turuna, Pipoca, Odeon, Eponia, Batuque e entre outras, passeando entre os Tangos Brasileiros e suas Valsas.
"O Brasil neste ano homenageia Ernesto Nazareth, figura conhecida e reconhecida no meio musical. Suas obras são admiradas tanto pelo gosto popular como por estudiosos da boa música clássica, sendo assim considerado uns dos primeiros nacionalistas, época onde se definia, o que mais tarde chamaríamos de Nacionalismo Musical”, observa Luis Renato, que fará um recital solo que agraciará os frequentadores da Casa do Parque, apreciadores da boa música.
Lembrando que Luis Renato Dias foi alunos de Maria Teresa Madeira, pianista carioca, considerada na atualidade uma das maiores intérpretes de Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth. Vale a pena conferir. A Casa do Parque está localizada na Rua Marechal Severiano de Queiroz, 455, bairro Duque de Caxias, Cuiabá, fundos do Parque Mãe Bonifácia.
História – Pianista, maior compositor de tangos brasileiros e demarcador de rumos para o choro, Ernesto Nazareth nasceu no Rio de Janeiro no dia 20 de maço de 1863 e aprendeu piano com a mãe, que tocava valsas, modinhas e principalmente polcas em saraus e reuniões. Depois da morte da mãe, em 1873, continuou estudando piano, e começou a compor.
Sua primeira polca, "Você Bem Sabe", composta aos 14 anos, foi editada. Mais tarde começou a frequentar rodas de chorões, e dali tirou a originalidade rítmica que marcou sua interpretação e se refletiu em suas composições. Influenciado também pelo maxixe, lundu, ritmos africanos e pelos chorões, Nazareth nunca aceitou totalmente essa influência, resistindo bastante em dar denominações populares a suas composições.
Músico de formação erudita, o máximo que se permitiu durante muito tempo foi classificar suas músicas como "tangos brasileiros", uma vez que o tango argentino e a polca eram as danças de salão da moda à época (década de 1880). Nazareth trabalhou e criou fama como pianista da sala de espera do cinema Odeon, para o qual compôs o tango "Odeon", uma de suas peças mais célebres, que ganhou uma popular transcrição para violão.
Vários músicos de outros estados e países, quando visitavam o Rio de Janeiro iam ao Odeon para ouvir o seu pianista. No início da década de 20 empregou-se na Casa Carlos Gomes como demonstrador de músicas. Numa época ainda anterior ao rádio e com a indústria fonográfica incipiente, a única maneira de se conhecer as músicas era tocando. Sua função era tocar as partituras para que o cliente escolhesse qual levaria. Entre as partituras à venda constavam suas próprias composições.
Segundo os biógrafos, Nazareth era muito exigente com as pessoas que iam "experimentar" suas músicas, e freqüentemente mandava o possível comprador parar a execução. Se apresentou em diversas cidades do Brasil com êxito, mas no final da década de 20 já começava a dar sinais da surdez que se intensificou no fim de sua vida.
Os abalos que sofreu com as mortes de sua filha e da esposa contribuíram para a deterioração de seu estado mental, sendo internado em 1933, morrendo no ano seguinte. Uma das primeiras composições que classifica como "choro" é a famosa "Apanhei-te Cavaquinho", um clássico nas rodas de choro, tocada em diversas formações instrumentais.
Seu repertório para piano faz parte dos programas de ensino tanto do estilo erudito quanto popular, uma vez que Nazareth foi uma figura que atuou no limite entre esses dois universos. Vários discos com sua obra foram gravados desde a sua morte, além de biografias e até um CD-Rom, com dados de sua vida e obra. Suas peças mais conhecidas são "Brejeiro", "Ameno Resedá", "Bambino", "Dengoso", "Travesso", "Fon Fon", "Tenebroso". (Fonte: Clique Music)
Sandra Carvalho – Da Editoria
Foto: Mary Juruna e Reprodução