“A vinda do chefe de nosso governo ao Brasil [o primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev] confirma nosso interesse”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Federov falou ainda sobre as exportações de trigo russo para o Brasil, oficializadas hoje (20) por meio da assinatura de acordo em que a Rússia se compromete a cumprir exigências fitossanitárias brasileiras. Segundo o ministro, as vendas do produto para o mercado brasileiro podem atingir 1 milhão de toneladas por ano. Ele explicou que seu país é um grande exportador de trigo e que, somente na safra 2012/2013, as vendas externas do produto devem atingir 22 milhões de toneladas. No entanto, Fedorov disse que o volume fornecido ao Brasil estará sujeito à capacidade dos produtores.
O ministro reiterou a necessidade russa de importar farelo de soja para ração bovina e disse que as negociações prosseguirão nos próximos dias. Ao longo de dois dias de discussões no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), não foi formalizado acordo sobre o assunto. No entanto, Fedorov informou que o diretor do Serviço Federal de Controle Veterinário e Fitossanitário da Rússia, Serguei Dankvert, decidiu prolongar sua estada no Brasil para prosseguir as negociações sobre a compra do produto.
Nikolay Fedorov disse que Dankvert deve ainda conversar com representantes do agronegócio sobre o embargo russo à carne do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. O Brasil sinalizou com disposição de atender às exigências russas a respeito do processo produtivo, mas o comércio com os três estados ainda não foi reativado. O ministro disse acreditar em uma retomada das exportações dessas regiões brasileiras para a Rússia “em um futuro próximo”.
Agência Brasil – Após dois dias de negociação entre Brasil e Rússia, quais os principais avanços no setor agropecuário?
Nikolay Fedorov – A questão mais importante foi a assinatura do acordo com exigências para a exportação de trigo. Vamos cumprir 100% das exigências brasileiras. O acordo prevê a fumigação, que é um procedimento sanitário para evitar a infestação de pragas. Cada parcela de trigo exportado será submetida a procedimentos sanitários ainda na Rússia.
Ao chegar nos portos brasileiros será feita uma limpeza das impurezas, de fungos. Tudo isso deve ser feito pelos exportadores. Nós discutimos também condições para o fornecimento do farelo de soja brasileiro. Precisamos realmente desse produto para alimentação e desenvolvimento da produção de gado. Combinamos de continuar o trabalho, a fim de assinar um acordo sobre isso no futuro. Amanhã, o diretor de Controle Veterinário e Fitossanitário, Serguei Dankvert, vai se encontrar com o representante brasileiro no cargo correspondente. Ele prolongou a estadia no país para tratar disso.
ABr – Há uma previsão do volume de trigo que pode ser exportado para o Brasil a partir do acordo?
Fedorov – No início, o volume não será muito grande. Dependerá da capacidade dos produtores russos e da demanda do mercado brasileiro. Representantes do agronegócio projetam que [a quantidade] pode chegar de 500 mil toneladas a 1 milhão de toneladas. A Rússia deve exportar 22 milhões de toneladas de trigo para outros países este ano.
ABr -Como estão as negociações sobre o embargo russo à carne do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso? Existe uma data para retomada do comércio?
Fedorov – Nosso trabalho para resolver está sendo bastante positivo. Nesses estados, a transparência de origem da carne deve ser adequada às normas internacionais de segurança veterinária e às normas russas. A exigência não é só para o Brasil, é igual para todos os países. Eu não chamaria de embargo, mas de suspensão temporária em parte do território brasileiro. A questão também será abordada amanhã por Serguei Dankvert em encontro com representantes do agronegócio brasileiro. A retomada das exportações exige um tempo, mas deve ocorrer em um futuro próximo.
ABr – Existe interesse da Rússia em investir nos portos brasileiros?
Fedorov – Sim, temos bastante planos e projetos nessa área. Esses projetos de infraestrutura dão garantia de proteção no comércio bilateral. Não se deve investir apenas em comércio, mas também em infraestrutura. A vinda do chefe do nosso governo ao Brasil [o primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev] confirma nosso interesse.
Fonte: Agência Brasil