Lata, madeira, pedra, plástico e telha, tudo se transforma em arte nas mãos de Márcio Aurélio da Silva Santos, 67 anos de idade e mais de quatro décadas na profissão, é um artista de vocação experimentalista com grande versatilidade criativa. Tem um precioso trabalho artístico, pois é um exímio transformador do simples em fabuloso, ressignificando o descartável a partir da manipulação de elementos da sociedade de consumo.
Essa miscelânea artística extremamente densa estará presenta na mostra batizada “Arte aqui é Márcio”, que será lançada no próximo dia 26 às 19h na Casa do Parque com entrada franca. O espaço cultural que já produziu e sediou nada menos que 46 exposições de arte, fez uma pausa em sua galeria de arte desde a pandemia e três anos depois, reabre o espaço para uma nova temporada apresentando essa rica exposição ao artista Márcio Aurélio.
“A arte do Márcio fala sobre ressignificar, transmutar os elementos e esse é o momento vivido pela Casa do Parque, vamos transformar esse hiato pelo qual passamos em arte. É como se voltássemos em 2012 na primeira exposição de lançamento da Casa. Márcio vem representando o retorno, a retomada, a reabertura da nossa galeria de artes e isso muito no orgulha.” Comemora Flávia Salem, idealizadora do espaço cultural que completou 11 anos no último mês de maio.
Aline Figueiredo, curadora, crítica de arte e animadora cultural acredita que Márcio Aurélio seja um instrumento catalisador entre a memória popular e a expressão erudita no processo criativo que motiva e estende a compreensão contemporânea da arte. Em Márcio, diz ela, o popular e o erudito se inserem na resposta contemporânea de sua contribuição criativa.
A capa do livro “O Propósito de Aline” do jornalista Rodrigo Vargas, segundo o autor, é a reprodução da pintura de Márcio Aurélio.
O mestre em Estudos de Cultura Contemporânea pela UFMT, Carlos Ferreira, também ressalta a relação fraternal do artista com este cenário que extrapola as telas e se estende a outros suportes, como as pedras que garimpa à beira dos rios e diz: “A obra de Márcio Aurélio dos Santos tem a essência do cerrado e se inscreve absorta como a vegetação contorcida. Desse que, para sobreviver, vai buscar água até três metros de profundidade. Por isso a sua obra tem um percurso sinuoso, lento, pachorrento, calmo e silencioso como também são as águas dali que lava pedra por pedra sem fazer alarde, esculpindo escrituras pictóricas como se estivesse escrevendo uma carta em pergaminho, sem pressa de chegar ao destinatário”.
Luiz Marchetti, cineasta cuiabano, mestre em design em arte mídia, atuante na cultura de Mato Grosso ao visitar o ateliê de Márcio Aurélio diz… “fiquei encantado com as obras em latas e pedras; são criações com técnicas de colagem e pintura, além do resultado fantasticamente cheio de detalhes, relevos e cores”.
Marcio Aurélio ao se autorrelatar nos conta: ― “aos seis anos, minha tia fez de uma lajezinha de beira de rio uma rodela de fuso e aí descobri o poder da transformação. Quando criança, fabricava brinquedos, subia em cabo de vassouras e voava. O cavalo criava asas. Acho que é o poder da criação exercitado desde criança. Foi nessa fase que descobri as cores da piçarra, tudo que faço hoje, faço desde o começo. Acho que meu objetivo é enaltecer a inutilidade das coisas. As transformo em oração”.
O talento de Márcio chamou a atenção dos diretores da Globo que exibiram uma de suas obras na novela “O Outro Lado do Paraíso”. A tela “A Caminho do Rio Claro” ganhou lugar de destaque na casa de Samuel – interpretado pelo ator Eriberto Leão.
SERVIÇO:
Evento: Exposição “Arte aqui é Márcio”
Quando: 26 de outubro a partir das 19h
Onde: A Casa do Parque (@acasadoparque)
Rua Major Severino Queiroz, 455 – Duque de Caxias
ENTRADA FRANCA
Informações: (65) 98116.8083 / 98117.9005