O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 14, em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, que não sabe o que o governo faria se não houvesse o corte de 0,50 ponto porcentual na Selic em agosto. A entrevista foi gravada na sexta-feira, 11, e divulgada nesta segunda-feira.
"Se não viesse o corte de agosto, eu não sei o que nós iríamos fazer", disse Haddad, mencionando reformas propostas pelo governo e uma preocupação com a situação fiscal do País.
Segundo Haddad, a demora no corte de juros surpreendeu e causou angústia no governo, que avaliava já haver razões para essa redução e que não era possível se iludir com o bom resultado do PIB no primeiro trimestre, que havia sido puxado pelo agronegócio.
"Veio a desaceleração e não veio o corte de juros. Esse período de abril, maio, julho foi o momento de maior tensão com o Banco Central", afirmou o ministro da Fazenda.
Eficiência das políticas públicas
Haddad disse também que a equipe do Ministério do Planejamento está fazendo um bom trabalho para analisar a eficiência das políticas públicas. Ele citou o trabalho desenvolvido por Sergio Firpo, secretário de monitoramento e avaliação de políticas públicas no Planejamento, que está fazendo um pente-fino nas grandes unidades de custo para saber o que está acontecendo em grandes programas, como o Bolsa Família, ou mesmo na Previdência.
Ele afirmou que os cadastros foram desorganizados no governo anterior e agora é o momento de botar ordem. "Há muito espaço e não vou te falar que é corte de gasto, é combate à fraude, ao desperdício, coisas óbvias para ser resolvidas", disse.
O ministro ainda criticou economistas clássicos, que só veem as planilhas de custos, sem enxergar a equação política.
'Parlamentarismo sem primeiro-ministro'
Haddad disse também que o País vive uma situação estranha em um tipo de parlamentarismo sem primeiro-ministro. "A gente saiu do presidencialismo de coalizão e hoje vive uma coisa estranhíssima, que é um parlamentarismo sem primeiro-ministro. Não tem primeiro-ministro, ninguém vai cair, quem vai pagar o pato político é o Executivo", comentou.
Ele também pontuou que o volume de recursos do Orçamento em emendas parlamentares é muito elevado.
"Eu não sei como resolver e não sei se tem solução. São R$ 40 bilhões em emendas, é 0,4% do PIB. Em que lugar do mundo você tem isso?", pontuou Haddad.