Adeputada federal Carla Zambelli (PL-SP) admitiu na noite desta segunda-feira, dia 29, estar preocupada com a possibilidade de ter seu mandato cassado. A parlamentar comentou a informação da Coluna do Estadão de domingo, dia 28, de que, nos bastidores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a perda do seu mandato e a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) são os próximos passos da Corte.
"Eu vi uma reportagem do Estadão dizendo que o TSE tem como certa não só a inelegibilidade do Bolsonaro, como a minha cassação", disse a deputada em um vídeo publicado nas suas redes sociais. Ela afirmou que a fotografia que ilustra a matéria é "icônica", porque a coloca ao lado de Bolsonaro. "Posso até discordar dele em uma ou outra coisa, mas vou sempre estar ao lado dele, apoiando Bolsonaro. Sempre vou ser a fiel escudeira dele", disse Zambelli.
Desde a derrota do ex-presidente no segundo turno das eleições presidenciais de 2022, os dois se afastaram. Parte dos aliados de Bolsonaro atribui a Zambelli a responsabilidade pelo resultado nas urnas, pelo fato de, na véspera do segundo turno, ela ter perseguido o jornalista Luan Araújo empunhando uma arma de fogo. O episódio aconteceu no dia 29 de outubro, nos Jardins, zona sul de São Paulo. O segurança da deputada chegou a efetuar disparos, mas ninguém foi atingido.
No vídeo desta segunda-feira, Zambelli admitiu estar preocupada e disse que "confia muito em Deus". Ela relembrou suas declarações da quinta-feira, dia 25, quando se retratou da convocação para uma manifestação a favor de Deltan Dallagnol, no próximo domingo, dia 4. "Fiz um vídeo dizendo 'a próxima pode ser eu'. E aí, o que vocês vão fazer? Também vão sair às ruas?", questionou.
A deputada, que está afastada da Câmara por 30 dias, para tratamento de burnout e fibromialgia, convocou simpatizantes para uma manifestação organizada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e outros parlamentares de direita, contra a cassação do mandato do ex-procurador da Lava Jato. A deputada foi criticada por apoiadores de Bolsonaro, incluindo Fábio Wajngarten, assessor pessoal e porta-voz do ex-presidente.
No mesmo dia, durante um evento do PL em Brasília, Bolsonaro pediu expressamente aos seus correligionários que não fossem ao ato, com a justificativa de que deveriam concentrar esforços na CPMI do 8 de Janeiro. "O mais importante no nosso momento é a CPMI. Estou vendo as pessoas (inaudível) querendo marcar reunião, povo na rua. Eu peço: não façam isso", disse o ex-presidente, ao lado de Valdemar Costa Neto, presidente do PL.
Carla Zambelli expressou sua contrariedade, mas se curvou ao pedido do mentor político. "Confio no Bolsonaro, quando ele diz que agora não é o momento, mas também fico com uma sensação de injustiça muito grande, porque eu não acho que o Deltan merece ser cassado." Como mostrou o Estadão/Broadcast, não há unanimidade entre a direita sobre a defesa do mandato de Dallagnol.