Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê que 2023 será um ano de dificuldades para o agronegócio brasileiro. Segundo o relatório da entidade, instabilidades nos cenários nacional e internacional devem fazer os produtores rurais enfrentarem aumento nos custos operacionais e redução nas suas margens de lucratividade.
O gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria, Luciano Vacari, comenta que esse quadro tem feito parte da realidade de agricultores e pecuaristas nos últimos anos, especialmente com a explosão da pandemia e do início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Segundo o especialista, o conflito no leste europeu fez com que preços de insumos básicos para os trabalhos no campo disparassem nos últimos meses.
“Além do subida acentuada de adubos e fertilizantes, houve uma grande desvalorização das commodities. Dessa forma, o agricultor e o pecuarista passaram a desembolsar mais para produzir e tiveram seus ganhos reduzidos drasticamente. Diante dessa conjuntura, o produtor precisa investir em tecnologia e boas práticas para compensar as perdas com a produtividade”, destaca Vacari.
Outro ponto de alerta se dá em função da desaceleração da atividade econômica global, que afeta o desenvolvimento de grandes potências como China e EUA. Analistas entendem que a situação de momento pode reduzir a demanda internacional e prejudicar as exportações brasileiras. Estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que o país atinja a marca de 313 milhões de toneladas na safra de grãos para o ciclo 2022/2023.
Os problemas sanitários e geopolíticos se somam a uma lista de fatores internos que tem tirado o sono de produtores rurais. De acordo com o boletim, o controle das despesas públicas e a condução da política fiscal pelo governo eleito ainda desperta dúvidas no setor. Representantes do ramo entendem que encargos tributários podem pressionar ainda mais os custos do segmento.
Por fim, a alta dos juros é mais um elemento do campo econômico que afeta o segmento. Desde agosto último, a taxa Selic se mantém no patamar elevado de 13,75% ao ano. Com o encarecimento do crédito, o acesso dos ruralistas às linhas de financiamento se torna mais restrito e a perspectiva é que o custo maior do crédito afete o consumo, o custeio e os investimentos de forma geral.