Tchá por Deus! O coral mais cuiabano de Mato Grosso está a caminho das pistas de dança. Em um projeto inovador, o grupo de coralistas que há 27 anos exalta o linguajar cuiabano, agora une música folclórica à eletrônica. Qué vê, iscuta!
A primeira a ser lançada – de sete canções selecionadas para o projeto inovador – é a "O Falar Cuiabano". De cara nova, já pode ser apreciada no canal do Coral Mato Grosso no YouTube. No decorrer das próximas semanas o público poderá conferir como ficaram as outras seis faixas. Foi o produtor musical e arranjador José Stival quem trabalhou no remix das músicas, a convite do diretor artístico e produtor, Rogê Além.
Um evento em dezembro marcará o lançamento oficial do novo álbum e de um mini-documentário, produtos previstos no projeto Música Mato-Grossense Tipo Exportação, que recebe incentivo da Lei Aldir Blanc. O edital foi realizado pelo Governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), em parceria com o Governo Federal, por meio da Secretaria Nacional de Cultura, do Ministério do Turismo.
Sônia Mazetto ficou eufórica quando conferiu as intervenções eletrônicas nas faixas que, até então, eram totalmente orgânicas. “Quando ouvi pela primeira vez, pensei: ‘esse é só o começo. Não vamos parar'’’, relembra. A maestrina do Coral Mato Grosso acredita que a música folclórica se oxigenou com novos fragmentos.
Foi durante a pandemia que a ideia surgiu. Sônia estava inquieta pela suspensão imperativa dos ensaios e apresentações. Foi então que a tecnologia se tornou válvula de escape. Ela convocou o músico Rogê Além, que já realiza um trabalho na área da música eletrônica, para ser o diretor artístico e produtor do projeto que é divisor de águas na história do coral.
“Das pesquisas que eu já realizava, vi que o downtempo se encaixava como uma luva ao som orgânico do coral. E então, com as habilidades do produtor musical José Stival, promovemos a intersecção da música folclórica mato-grossense com este que é um subgênero da música eletrônica. Acredito que foi uma aposta muito bem-sucedida, de universalizar o sotaque cuiabano, o rasqueado e assim, recriar a linguagem da música regionalizada”, explica.
No downtempo, as usuais batidas rápidas e dançantes da música eletrônica dão lugar a padrões de ritmo mais espaçados para que assim possam ser preenchidos por linhas melódicas e harmônicas mais consistentes. Bandas como a Portishead, Gotan Project, Massive Attack e Morcheeba são algumas das que se enveredam pelo gênero.
História de ativismo
Sônia Mazetto relembra que desde que o coral nasceu, no ambiente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), sua principal diretriz era quebrar barreiras do preconceito que havia em relação ao falar cuiabano.
“A gente sempre foi presença fácil em eventos culturais, dos oficiais às festas de santo. E de pronto já éramos reconhecidos quando chegávamos com nossos lenços de chita no pescoço e mais tarde, com as varandas feitas e bordadas pelas redeiras de Limpo Grande”.
Os coralistas sempre foram guiados pela necessidade urgente de exaltar a cultura regional. “De cantar as coisas que representassem o que a gente tem de mais genuíno. E para o lançamento do projeto, tínhamos que escolher a O Falar Cuiabano, pois foi essa canção que deu início a tudo que temos hoje, como grupo, como história, como cuiabanos de chapa e cruz e claro, paus rodados também. É importante ressaltar que mais uma vez estamos fazendo ecoar a sonoridade das obras da compositora Edna Maciel Vilarinho”.
Sônia ressalta que além do figurino característico e músicas que enaltecem a cultura cuiabana, o Coral Mato Grosso sempre teve esmero em tornar atrativas as suas apresentações.
“As performances sempre foram muito marcantes. A gente já fazia stand up, muito antes do estilo se popularizar por aqui. Dessas nossas apostas nasceram dois personagens que seguem até hoje, a Comadre Guanira e o Chico Petxero, ambos interpretados por Gonçalo Cristiano, um dos pioneiros do coral”. Com as músicas recriadas, em breve, o público poderá conferir ao vivo, uma apresentação jamais imaginada, com direito a DJ, globo espelhado e luzes pulsantes.
Somam à equipe do novo projeto, o designer gráfico Eduardo Dario, o assistente de produção André G e os instrumentistas Claudinho (Henrique, Pescuma e Claudinho) e Alex Teixeira.
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Ficha técnica
Direção Geral e Musical: Sonia Mazetto
Direção Artística e Produção: Rogê Além
Assistente de Produção: André G.
Produção Musical e Fonográfica: José Stival
Direção de Arte: Eduardo Dario
Produção Gráfica: Renan Archer
Instrumentação: Claudinho (viola caipira) e Alex Teixeira (bateria e percussão)