O termo hiperatividade vem sendo muito empregado para crianças humanas. Mas a “moda” chegou aos pets, de forma bastante equivocada.
Existe um transtorno de comportamento denominado hiperatividade, que pode ou não estar relacionado ao déficit de atenção (TDAH). Muitas crianças agitadas e que não gostam muito da escola foram diagnosticadas com esse transtorno.
Os pets não ficaram de fora e alguns também foram diagnosticados como hiperativos. Ou seja, ativos além do esperado para aquela raça ou espécie. Mas é exatamente aí que mora o perigo. Quem realmente conhece a raça antes de adquiri-la? Quem estuda os pormenores da raça dos seus sonhos antes de se apaixonar com um lindo filhotinho fofinho?
Muitas vezes vou atender filhotes de Golden Retriever, Jack Russell, Poodle, Maltês, entre outras raças, e o tutor reclama que aquele pequeno é muito agitado. E eu respondo: “é sim. Ainda bem. Sinal que ele é um filhote normal. Me preocuparia se ele fosse apático”. Pode até parecer grosseria da minha parte, mas eu preciso mostrar a realidade para os tutores. Ter um filhote, de qualquer raça, é enlouquecedor (uma delícia, mas enlouquecedor!).
Todo filhote (inclusive humano) demanda atenção, paciência, persistência, dedicação, preocupação, compreensão, além de uma super dose de conhecimento sobre o desenvolvimento daquele ser. Eu mesma não tenho disponibilidade para ter filhotes. Por isso, só adoto cães e gatos adultos.
“Ah, mas meu filhote é diferente. Ele morde o tempo todo e eu já não sei mais o que fazer”, você pode pensar. Morder para os filhotes é um comportamento absolutamente natural. O que devemos fazer é ensinar outra brincadeira para colocar no lugar da mordida. Mas não é o fato dele querer brincar de morder o tempo todo que ele é um cachorro hiperativo, muito menos precisa de calmante.
A mordida foi só um exemplo, mas cabe aqui qualquer comportamento do filhote que te tire do sério. Inclusive aquele hábito de comer cocô que deixa qualquer tutor de cabelo em pé. Tudo é passível de solução e nada tem relação com hiperatividade.
Raças de cachorro hiperativo
Algumas pessoas costumam dizer que tal raça é mais hiperativa que outra. Na verdade, existe uma linhagem genética para a qual aquela determinada raça foi criada, que faz com que tenha mais ou menos necessidade de atividades.
Não podemos comparar a energia de um Shih-tzu com a de um Border Collie. Muito menos podemos esperar comportamentos semelhantes ou mesmo despender o mesmo tipo de engajamento com as atividades. Um Border Collie precisa de muito mais exercício do que um Shih-tzu.
Gatos são hiperativos?
Já sabemos que hiperatividade é um transtorno. Se o gato não dorme, fica ligadão o dia todo, pode ser, sim, que ele tenha um transtorno e deva ser tratado com o médico veterinário. Mas na maioria dos casos ele é apenas muito animado e tem uma necessidade de atividades maior que a média.
Aqui em casa, por exemplo, eu tenho três gatos. O Doritos é o que demanda mais atenção e atividade. Se eu não der, ele vai caçar o que fazer, como correr pela casa, subir nas cortinas, infernizar os outros gatos. Posso dizer que ele é hiperativo? Não. Ele apenas tem mais necessidade de atividades que os outros gatos. E isso deve ser atendido oferecendo brincadeiras de caça, por exemplo.
A pergunta que fica é: seu pet é hiperativo ou é hipo-estimulado? Talvez o excesso de energia dele denote a falta de estímulos que ele possa ter na rotina. Simbora enriquecer a vida desse peludo!