Conforme o núcleo de inteligência de mercado da CDL Cuiabá, os dados apresentados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), demonstram que o nível da inadimplência se mantém elevado em Mato Grosso. O número de devedores teve uma leve queda de (-0,84%) na passagem de março para abril, totalizando 1,119 milhões. Com uma média de 1,922 dívidas por inadimplente, o mês de abril fechou com mais de 2,151 milhões de contas vencidas que correspondem aproximadamente a 1,91 bilhões de reais.
“Se compararmos com o mesmo período do ano passado, o número apresenta uma melhora com queda de (-6,58%), lembrando que em abril de 2020 tivemos o maior pico de inadimplentes da história do Estado”, avaliou o superintendente da CDL Cuiabá, Fábio Granja, destacando ainda que “o poder econômico da população reduziu durante a pandemia, retraindo o consumo com a priorização por pagamentos a produtos e serviços considerados essenciais, tais como: alimentos, remédios, materiais de construção, energia e água”.
Com base em estatística nacional, o tempo de atraso da dívida com até 90 dias representa (9,8%), de 91 dias a 1 ano (14,62%), de 1 a 3 anos (37,77%), de 3 a 4 anos (17,03%) e acima de 4 anos (20,78%).
“Para entendermos melhor o cenário, cruzamos o número de concessões de crédito com os índices de inadimplência apresentados. No caso da concessão de crédito houve um aumento de (17,8%) quando comparado o primeiro quadrimestre de 2021 com o mesmo período do ano passado e uma queda de (-3,1%) quando também comparado com o primeiro quadrimestre de 2019 (ano não pandêmico). Já quando analisamos todo o ano de 2020 comparando com 2019, o volume de crédito concedido ficou (-16,8%) abaixo. Sendo assim, o tempo de atraso das dívidas nos demonstra um consumidor com mais dificuldades em pagar as contas, já que a maioria foi adquirida há mais de 90 dias, ou seja, o número de dívidas em atraso está maior do que as vendas dos últimos meses e anos”, explicou o superintendente.
A média nacional de idade dos devedores está em 44,5 anos, sendo 49,17% do sexo masculino e 50,83% do feminino.
Os setores com participações do número de dívidas em abril foram Bancos (32,98%), Comércio (30,83%), Água e Luz (16,34%), Comunicação (13,03%) e outros (6,83%). “Mesmo com a queda nas vendas no comércio, o percentual de participação do setor das dívidas teve uma alta de (0,7%), este cenário demonstra o quanto o setor é prejudicado com as medidas restritivas, a dificuldade em manter um equilíbrio de fluxo de caixa fica ainda mais evidente. Outro ponto é que a participação das contas de Água e Luz tiveram uma queda de um mês para outro de aproximadamente (6%), demonstrando que realmente a população quando pode, acaba direcionando os seus recursos para as contas essenciais”, afirma Granja.
Já a abertura por faixa etária do devedor mostra a participação de 30 a 39 anos (26,23%), 40 a 49 anos (21,59%), 50 a 64 anos (19,49%), 25 a 39 anos (13,24%), 18 a 24 anos (8,97%), 65 a 84 anos (9,12%) e acima de 85 anos (1,06%). “Esses percentuais conseguem distinguir mais as gerações, destacamos a geração Z, nascidos entre os anos de 1995 e 2010, onde conforme as últimas pesquisas da CDL Cuiabá tem sido a geração que mais fala sobre o tema educação financeira na família, pois aproximadamente 50% relataram que todos da família têm conhecimento das contas a pagar, não ficando uma centralização em apenas um membro como ocorre nas demais gerações. A geração Z foi mais preparada para o planejamento financeiro pessoal, não por uma educação financeira natural, mas muito mais pela dor, ou seja, por terem vivenciado na sua formação a crise mundial ocorrida a partir de 2008 nos Estados Unidos, a chamada “bolha imobiliária” com consequências sérias também na Europa e mais tardia no Brasil”, finalizou Granja.