Datas de cunho comemorativo, religioso, cívico e histórico se espalham pelos 365 dias do ano. Elas são tantas que a sobreposição de festejos é recorrente no calendário. Para todos os gostos, há o que celebrar. Maio inicia com o Dia Internacional do Trabalho, seguido pelo dia do Sertanejo, de Marechal Rondon, do Silêncio, da Europa, do Museu, do Gari, da Língua Nacional, do Bombeiro, do Vigilante e de tantos outros, como o de hoje, dia do Pau-Brasil.
Perto da extinção, o Pau-Brasil, Caesalpinia echinata, em plena ditadura militar, foi declarado “árvore nacional”, única espécie protegida por lei (Lei 6.607, de 07.12.1978). No início da colonização no Brasil, os portugueses descobriram como obter lucro através da extração do vegetal. Para isso, por mais de 30 anos utilizaram a mão de obra indígena para cortar, aparar e arrastar os troncos até o litoral para serem levados à Europa.
A Carta Régia de 1542, a Carta de Regimento de 1594 e o Regimento do Pau-Brasil, de 1605 foram ações adotadas pela coroa portuguesa para tentar diminuir a extração dos estoques florestais diante ao crescimento progressivo da comercialização da madeira e de seu preço. Essas normatizas para o corte da madeira impunham atos punitivos para o seu desperdício, com o intuito de manter para si as riquezas da colônia. Essas medidas não visavam a proteção das matas, mas o controle da sua saída para a obtenção de lucro. Contudo, a documentação oficial não fez o efeito esperado. Calcula-se que a cada ano trezentas toneladas de madeira atravessavam o Mar Tenebroso. Além da frota portuguesa, piratas, especialmente franceses, chegavam ao litoral brasileiro em busca do pau-brasil para tingimento de tecidos e carpintaria.
O Pau-Brasil é nativo da Mata Atlântica. Cobria uma faixa do litoral brasileiro por 3 mil quilômetros. Hoje, raros são os nichos naturais do colosso vegetal, também chamado de orabutã, brasileto, ibirapitanga, ibirapita, ibirapitã, muirapitanga, pau-de-pernambuco, pau-rosado. Pindorama, Ilha de Vera Cruz, Terra Nova, Terra dos Papagaios, De Terra de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Terra Santa Cruz do Brasil, Terra do Brasil para Brasil.
A árvore Pau-Brasil também deu nome ao Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, declaração que ousou apresentar novas direções que iriam nortear sua poesia e de outros modernistas brasileiros. A prezar pela originalidade, propôs releituras do passado histórico brasileiro, se distanciou do academicismo, valorizou a identidade nacional e praticou uma linguagem coloquial e bem humorada. O Brasil com “s” foi posto em prática diante ao desejo do modernista de fazer da poesia brasileira um produto cultural de exportação. Vamos sulear?