A 11ª edição do Brasil CineMundi, que integrou a programação da Mostra 14ª CineBH, ocorrida de 29 de outubro a 02 novembro, premiou o diretor mato-grossense Madiano Marcheti, 31, com seu longa-metragem “Mãe do Ouro”. Ao todo, foram 168 projetos inscritos, sendo apenas 10 selecionados na categoria de Projeto em Desenvolvimento.
O Brasil CineMundi 11ª International Coproduction Meeting, é um evento de mercado do cinema brasileiro com master-class, debates, consultorias e exibições de filmes, que dão espaço aos realizadores brasileiros que têm o seus projetos selecionados. Neste evento, esses profissionais têm a chance de uma parceria internacional, para poder realizar seus filmes, tanto aqueles que esta em desenvolvimento quanto os que ainda estão em produção.
Madiano confessa que foi uma grande surpresa receber o prêmio. “Mãe do Ouro” ganhou o Troféu Horizonte e junto com ele, os benefícios de vencedor, entre eles o empréstimo de câmera Black Magic, R$ 15 mil em serviços de finalização e pós-produção e uma bolsa de estudos em três cursos onlines, do diretor de fotografia Alziro Barbosa. Além disso, “Mãe do Ouro” conquistou uma vaga no festival Nuevas Miradas que acontecerá em Cuba em formato on-line devido à covid-19.
Ainda sobre o evento, Madiano comenta a importância desse tipo de evento não só para os cineastas, mas para o Brasil que enfrenta diversos problemas neste setor. “É muito importante para gente participar. Infelizmente está extremamente complicado fazer filme no Brasil, a Ancine e o Fundo Setorial estão parados, não são todos os Estados que têm fundos para abrir editais e não há muita perspectiva em avanços. Esses eventos são uma chance, talvez a única nesse momento, de vislumbrar a possibilidade concreta de realizar o filme, de conseguir visibilidade em relação à ideia, e ganhar uma chancela para poder conseguir um co-produtor estrangeiro, que vai ajudar a captar fundos fora do Brasil”.
A trama do longa-metragem, ainda em desenvolvimento, traz um grande impacto pelos temas que aborda. A história se passa no Centro-Oeste, região norte, com o contexto do garimpo ilegal. O longa retrata a vida de uma mulher, Jaci, que vive em um vilarejo ao lado de um morro que é invadido por pessoas que descobrem ouro, e assim, garimpeiros começam a chegar na área e destroem o local. Com isso, a mulher passa a ter sonhos estranhos e premonitórios que se tornam realidade.
O filme mistura suspense e realismo mágico, sendo inspirado no Mito de Cassandra e a lenda do Centro-Oeste, pouco conhecida, chamada “Mãe do Ouro”, lenda esta que dá nome ao filme.
Este mito retrata uma mulher que se transforma em uma bola de fogo que paira sobre a floresta protegendo jazida de ouro, enganando garimpeiros para que não encontrem, também essa entidade é protetora das mulheres vingando dos maridos que maltratam suas esposas. “Sempre estive interessado em contar histórias do Mato Grosso. Eu sinto de uma forma geral que a região Centro-Oeste é pouco representada, existem alguns filmes, uma galera de Cuiabá se movimentando e realizando muitas coisas, mas ainda é muito pouco representado.”
“Sempre tive interesse em contar história que reflitam de uma forma, como questões ambientais, mudanças climáticas, então eu penso que precisamos de uma mudança, enquanto sociedade, começar a enxergar a natureza de outra maneira, enxergar que não somos separados. Então tanto no meu primeiro filme Madalena, quanto Mãe do Ouro, falam sobre isso, de pensar em nosso papel enquanto seres humanos no nosso planeta, quando a gente se coloca à parte da natureza e não como parte dela, o que isso implica no mundo e o que podemos fazer para mudar. E isso são questões universais, e acredito que são temas que podem interessar não só a público brasileiro, mas também a publico internacionais”, comentou.
Madiano é formado em cinema pela PUC-Rio, e até hoje, produziu dois longas-metragens, já tendo realizado diversos curtas-metragens no Estado do Rio Janeiro. Seu primeiro longa-metragem chamado ‘Madalena’ filmado no Mato Grosso do Sul, será lançado ano que vem em um festival internacional. Assim, em 2021 está em busca de captar financiamento tanto dentro quanto fora do Brasil, e em 2022 pretende começar a filmar “Mãe do Ouro”.