Economia

Disputa política pode levar Brasil a suspender todos os gastos no ano que vem

A demora do Congresso em instalar a Comissão Mista de Orçamento acendeu o sinal amarelo na equipe econômica. Isso atrasou toda a tramitação do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2021 e da própria Lei Orçamentária do ano que vem.

Um integrante da área econômica afirma que o Brasil já começou anos sem o orçamento aprovado, mas nunca sem a LDO, que dá as diretrizes para a execução orçamentária. Há o temor, inclusive, de que haja um shutdown – inédito no Brasil.

Na última semana, o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, afirmou em uma vídeoconferência que o governo pode ter de suspender todos os gastos no ano que vem se a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não for aprovada até o fim deste ano. A suspensão também incluiria o pagamento de aposentadorias e benefícios sociais.

A situação lembra o embate entre Donald Trump e o Congresso americano pela a inclusão no orçamento de fundos para construir um muro na fronteira com o México. No final de 2018, a discussão atrasou a aprovação do orçamento, paralisando as atividades do governo por 35 dias. As atividades só foram retomadas após Trump abrir mão do muro e selar um acordo com a oposição democrata.

No Brasil, a demora na aprovação do orçamento se deve a uma disputa sobre o comando da Comissão Mista de Orçamento – que, normalmente, inicia os trabalhos ainda no primeiro semestre. À priori, um acordo entre os deputados colocava na presidência da CMO Elmar Nascimento (DEM-BA), aliado de Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara. Mas Arthur Lira (Progressistas-AL), do Centrão, argumenta que o cargo deveria ser ocupado por alguém do partido com a maior representação no colegiado – nesse caso, o PL, também do Centrão.

A aprovação do Orçamento pode até ficar para 2021. Mas sem a Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada ainda em 2020, o governo fica sem respaldo legal até mesmo para fazer execuções provisórias de despesas – uma vez que os dispositivos que regulamentam esse tipo de gasto também fazem parte da LDO.

Sem fundos

Enquanto isso, a PEC dos fundos, apresentada ao Congresso pelo governo ainda em 2019 como parte do chamado Pacto Federativo, também está parada. A proposta extingue uma série de fundos públicos como parte de um esforço para dar mais flexibilidade ao orçamento. Relator da PEC, o senador Otto Alencar (PSD-BA), afirma que a proposta não entrou na linha de prioridades do governo no pós-pandemia e que é altamente improvável que ela seja votada em 2020.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Economia

Projeto estabelece teto para pagamento de dívida previdenciária

Em 2005, a Lei 11.196/05, que estabeleceu condições especiais (isenção de multas e redução de 50% dos juros de mora)
Economia

Representação Brasileira vota criação do Banco do Sul

Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, além do Brasil, assinaram o Convênio Constitutivo do Banco do Sul em 26