O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira, 15, que pode desistir da criação de um novo imposto sobre transações digitais, nos moldes da antiga CPMF. Em entrevista à CNN, Guedes disse que o novo imposto não bancará o Renda Cidadã, programa em estudo para substituir o Bolsa Família, “de jeito nenhum”.
“Não tem aumento de imposto, não existe aumento de imposto”, afirmou. “A mídia, por exemplo, quer desonerar a folha de pagamentos, não quer? Esse imposto só entraria se fosse para desonerar. Talvez nem precise, talvez eu desista”, afirmou Guedes.
Ontem, porém, Guedes havia defendido a criação do imposto sobre transações e acusou a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) de ser contra a iniciativa “porque quer beber água onde os bancos bebem”.
“Eu acho que os bancos vão acabar usando também. Porque os bancos já cobram uma CPMF hoje. A Febraban é que mais subsidia e paga todos os economistas brasileiros para dar consultoria contra esse imposto, mas a Febraban está fazendo isso porque querem beber água onde os bancos bebem. Os bancos bebem essa água”, disse Guedes ontem, durante o 10º Seminário de Administração Pública e Economia, promovido pelo IDP.
Desde 2019, Paulo Guedes fala na criação de um pequeno imposto sobre uma base ampla, que englobaria transações, aos moldes da antiga CPMF, mas envolvendo também as feitas por meios digitais. A ideia seria diminuir encargos sobre a contratação de mão de obra para estimular o emprego.
Apesar de prometer não aumentar a carga tributária, substituindo parte dos impostos sobre folha de pagamento por um novo, a medida tem enfrentado resistência no Congresso e não foi formalmente enviada.
Uma pesquisa divulgada pela EXAME, em parceria com o instituto IDEA, mostra que a maioria dos brasileiros, 62%, só aceitaram a proposta do governo de criar um imposto sobre transações digitais se o dinheiro fosse usado em áreas prioritárias, como saúde, educação e segurança.
Apesar de dar o aval para o novo tributo com esta única exceção, 69% nunca ouviu falar do projeto do Ministério da Economia.