O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Mato Grosso (Senai MT), que transformou o espaço do centro de eventos da unidade em Cuiabá em uma indústria de máscaras, ultrapassou a marca de 2 milhões de itens produzidos. A ação, realizada em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, beneficia os profissionais da saúde que atuam diretamente no combate ao coronavírus nos hospitais e, também, é fonte de renda para 100 pessoas.
“Já fiz fantasia, vestidos, calças e até roupa pra quem já morreu. Mas máscara nunca tinha feito. Hoje todos nós temos que usar, não é rico e nem pobre, todos temos que nos proteger dessa doença”, reforça a costureira profissional Ana Maria Arruda. Logo no início da pandemia, a freguesia sumiu. Sem demanda dos clientes, ela procurou o Senai Cuiabá assim que soube da oportunidade.
Há costureiras que produzem mais de 9.300 máscaras por mês e recebem até R$ 3.545,40. “O valor importa, mas ainda mais importante é ter um lugar para ir todos os dias ao acordar. É um espaço alegre, feliz. Sair de casa cedo feliz pro seu trabalho é para poucos, né? Isso é porque se está fazendo o que gosta, tá ajudando e, ainda, tá ganhando”, comemora Ana Maria.
Além de produzir as milhares de máscaras, o Senai MT realiza outras ações de combate à Covid-19 como a produção de face shields, fabricação de cápsulas de oxigenação e manutenção de respiradores hospitalares. “Estamos somando esforços para enfrentar essa crise. Disponibilizamos toda a expertise, infraestrutura e conhecimento para o bem de todos”, ressalta a diretora regional Lélia Brun.
O espaço reúne não apenas costureiros profissionais. A podóloga, filha de costureira, Maria da Glória da Silva é uma das pessoas que estão confeccionando o equipamento de proteção individual. Após quebrar o pé, em meados de março, ela se viu sem renda depois dos primeiros casos de coronavírus no estado.
“Cheguei com duas muletas, sentei na máquina e com a ajuda da equipe consegui produzir. No primeiro dia fiz 47 e hoje faço 150 em meio período. Aqui a gente está salvando vidas e ajudando quem precisa”, afirma Glória, que já está com o pé recuperado.
“Dois milhões é um número significativo e representa o empenho que a indústria tem para socorrer o nosso estado. É uma crise profunda e complexa que atinge de diferentes aspectos todas as pessoas e setores econômicos. Estamos trabalhando para atenuá-los”, disse o presidente do Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso, Gustavo de Oliveira.
E a cada máscara produzida aos profissionais da saúde, a costureira Rhalima Simone Yousef mentaliza: “Com muito amor e muita dedicação, eu te protejo para que você proteja outras vidas”.
Planos Divinos
Com a finalidade de evangelizar, o cubano Maximo Cabrera Gonzalez veio ao Brasil com previsão de retornar para casa em abril, mas a pandemia forçou a permanência. A convite de um amigo, ele chegou ao Senai Cuiabá sem nem mesmo saber costurar.
Gonzalez, que cursou em Cuba Administração e Economia na área de saúde, vê na fábrica uma forma de contribuir. “Estou muito feliz e comprometido em poder entrar na arena para poder salvar muitas vidas. Aos profissionais digo, tenham confiança que essas máscaras vão chegar a tempo e, desta maneira, poderão cuidar da sua saúde e de todos que cheguem aos cuidados de emergência. Queremos o melhor e estamos dando todo o nosso esforço, amor e carinho para o bem dessa sociedade”, finaliza.