Os exames de rotina se categorizam como prevenção, ou seja, servem para antever o surgimento de alguma patologia, para evitar seu desenvolvimento ou, até mesmo, diagnosticá-la em seu quadro inicial. Dessa maneira, de acordo com o médico-veterinário e professor universitário, Tarso Felipe Teixeira, é possível, além de preservar a saúde do paciente, obter mais sucesso em seu tratamento com o auxílio desses exames.
O profissional comenta que, nos dias de hoje, a Medicina Veterinária Preventiva, que envolve campanha de prevenções, comunicação e instruções aos tutores, tem obtido um papel de destaque dentro da área. Entre as investigações que visam a saúde do animal, Teixeira destaca a ultrassonografia: “É um exame de imagem complementar não invasivo, que permite avaliar e visualizar os órgãos internamente. Como nossos pacientes são muito mais resistentes à dor, na maioria das vezes, eles apresentam nódulos ou tumores em baço e fígado, por exemplo, sem manifestarem sinais clínicos. A identificação dessas massas se torna achados de rotina, durante um exame ultrassonográfico, na maioria das vezes”, explica.
Para Teixeira, além de ser uma importante aliada, a ultrassonografia é um complemento aos exames de sangue, uma vez em que derem alterados. “É o caso, por exemplo, da insuficiência renal aguda ou crônica, uma patologia comum entre cães e gatos: uma vez que o perfil bioquímico se mostra alterado, o ultrassom é um exame que auxiliará na possível identificação da causa”, discorre.
Experiência é fundamental. O diagnóstico correto e certeiro é algo de extrema importância, segundo Teixeira, pois o tratamento estará sempre fundamentado no diagnóstico. “Caso haja equívoco, o tratamento instituído será equivocado, o que poderá acarretar um prejuízo para saúde de nosso paciente. Qualquer exame deverá ser realizado com muita responsabilidade e critério pelo médico-veterinário especialista, pois sua indicação, normalmente, acarretará no ato final, seja cirúrgico ou não. Por exemplo, uma vez diagnosticada uma infecção de útero (piometra), patologia comum entre fêmeas mais velhas, o paciente deverá ser submetido ao procedimento cirúrgico para ovário-salpingo-histerectomia (OSH), para ressecção cirúrgica total de útero e ovários, a fim de evitar complicações graves decorrentes da evolução da doença”, cita.
A veterinária especializada em diagnóstico por imagem, Giovana Fornazari, afirma que o ultrassom é um exame que depende muito da vivência e da experiência profissional do especialista. “Para a realização do exame ultrassonográfico, é preciso fazer a interpretação das imagens e correlacionar com os sintomas do paciente. Assim, é possível filtrar as informações que têm relevância clínica. O profissional pode propor algumas impressões diagnosticas que auxiliem na conduta do caso clínico”, revela.
Teixeira, particularmente, acredita que pacientes mais velhos, com idade superior a 7 anos, deverão fazer exames de rotina anuais, não apenas o ultrassom de abdome, mas exames de sangue, cardiológicos e radiográficos. “No caso das doenças cardíacas, por exemplo, embora elas, em sua maioria, não possuam cura, é possível oferecer sobrevida com qualidade aos nossos pacientes, uma vez que são diagnosticadas precocemente”, opina. A veterinária Andrea Chemin Santos também aponta uma periodicidade para a realização dos exames: “Depende de muitos fatores, como por exemplo: idade, raça, porte e estilo de vida de cada animal. Mas, de um modo geral, a cada 6 meses a 1 ano”.
Teixeira menciona que, atualmente, mesmo constando nos currículos dos cursos, não há uma orientação significativa para Medicina Veterinária Preventiva e saúde pública. “Vejo que as faculdades ainda estão se readaptando a este emergente mercado de trabalho. Quando se coloca a Medicina Veterinária Preventiva em foco, além de mais economia com medicações e tratamentos, preserva-se a saúde de nossos pacientes e, inclusive, obtendo aumento da sobrevida”, observa.
Segundo ele, a prevenção deve acontecer dentro das clínicas, com os colegas informando os tutores sobre as necessidades de check-ups e exames de rotina, além da importância de se castrar as fêmeas antes do primeiro cio, a fim de diminuir a possibilidade de o animal desenvolver câncer de mama. “E, também, o tema deveria ser apresentado em escolas e comunidades, reiterando a responsabilidade que é ter um animal de estimação dentro de casa, os cuidados necessários e a importância de realizar a prevenção, de modo a evitar a manifestação de doenças, principalmente sobre as prevenções que envolvem profilaxias, cuidados, imunizações, higiene e exames de rotina”, conclui.
Para a veterinária Thaís Andrea Pereira, as visitas periódicas ao veterinário são fundamentais em todas as fases de vida dos animais. “Durante a avaliação clínica, por meio do exame físico, o clínico pode identificar alterações importantes, que, muitas vezes, podem passar despercebidas pelos tutores, como por exemplo, tumores de mama, que, no início, podem ser muito pequenos e se a intervenção for realizada nesta fase, as chances de cura são maiores”, finaliza.