Economia

Quilo da carne bovina aumenta até 50% em Cuiabá e já afeta consumo

O preço carne bovina aumentou até 50% em Cuiabá nas últimas semanas e já começa a afetar o mercado na reta do fim de ano. Episódio de peste em País concorrente e a alta do dólar impulsionaram o mercado de exportação para os produtores de Mato Grosso, elevando o preço para a demanda interna.

João Batista, proprietário de uma casa de carne na capital, diz que desde o início de novembro o preço pago por ele na carcaça bovina aumentou em 50%. E o aumento do custo foi repassado para o consumidor.

O quilo da alcatra que custava R$ 22 no início do mês hoje está em R$ 29 (+31%); a fraldinha subiu de R$ 18 para R$ 23 (+27%) e a costela saiu de R$ 9 para R$ 15 (+66).

“O pessoal que vende carne pra a gente diz que o aumento da exportação fez subir o preço, e aquilo que fica no mercado interno tem sido mais disputado e gera o aumento do quilo”.

Segundo o comerciante, a alta já afeta a venda para empresas que no fim de ano comemoram com churrasco. Ele diz que usualmente, a partir da penúltima semana de novembro, ocorre aumento nas vendas por causa dessas celebrações.

“Pode ser que o cenário mude, mas a situação de agora tem feito a gente repensar as vendas no final de ano, do churrasco das famílias, os consumidores já estão se desanimando agora”.

O gerente de açougue, Robson Santos, diz que alta no preço do frigorífico vem sendo registrada há dois meses, mas uma variação menos larga, em cerca de 20%. O quilo da picanha, neste período, passou de R$ 39 para R$ 49 (+25%); o filé saltou de R$ 29 para R$ 43 (+48%) e a alcatra de R$ 19 para R$ 29 (+52%).

“O preço da carne está subindo toda semana, até o preço do músculo e da costela estão subindo. Há duas semanas eu paguei R$ 16 no quilo do músculo, hoje está R$ 21. A costela passou de R$ 9 para R$ 14. O jeito é ir substituindo”, diz a secretária Verônica Soares.

O diretor técnico da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), Francisco Manzi, confirma que a maior demanda do mercado externo pressiona o preço dentro do Estado para o consumidor final. China, Arábia Saudita e Turquia são os Países com maior volume de compra nas últimas semanas.

“Houve um episódio de peste na Índia, um dos exportadores para estes Países, que fez aumentar a procura pela carne brasileira; e a alta do dólar também tornou o mercado mais competitivo para os brasileiros”.

Na segunda-feira (18), o dólar chegou ao patamar de R$ 4,20 e registrou a maior cotação nominal no Brasil desde o lançamento do Plano Real, em 1994. A alta na moeda está sendo explicada por analistas com um cenário de incertezas no mercado mundial.

Fatores internos

O técnico Francisco Manzi diz ainda que a retomada, mesmo que a passou lentos, do emprego no Brasil está levando os consumidores a comprar mais ou apenas a voltar a comprar carne, além da média de consumo por pessoa ao ano estar subindo de 37 para 40 quilos.

“O consumo de carne do brasileiro estava estagnado há alguns anos em 37, 38 quilos em média. Hoje, já temos registro de consumo de 40 quilos ao ano. E o mercado interno do trabalho também está reaquecendo. Então, são fatores que contribuem para essa alta momentânea”.

Ele, no entanto, ressalta que é improvável que os preços retornem ao patamar de quatro meses atrás, visto que o preço da arrobada do boi, que, segundo o técnico, estava sem correção desde 2015, subiu. Antes estava em R$ 150, hoje em R$ 200.

Questionado sobre a previsão para o último mês ano, o técnico diz acreditar que Mato Grosso, que exporta 90% do que produz, tem capacidade de aumentar a produção para atender tanto a demanda externa quanto a interna.

“Dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Pesquisa Aplicada) mostram que 65, 70% dos frigoríficos estão abatendo animais, então a indústria pode crescer. A intenção de confinamento no ano passado foi 700 mil, para este ano está em 800 mil”.

Ele diz que esses fatores, caso aumente a produção, poderão gerar uma pressão para redução no preço, que chegará ao comércio e ao consumidor.

Redação

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