A PetDriver nasceu durante um papo regado a cerveja na famosa Mureta da Urca, na Zona Sul do Rio de Janeiro, entre dois amigos que cresceram naquele bairro. Um era Leo Yalom, 34 anos, especialista na área de tecnologia; o outro era Leonardo Muller, 45, que trabalhava em uma plataforma petrolífera e fazia um bico peculiar, transportando cachorros. Naquele início de 2016, Muller tinha três ou quatro clientes que atendia por telefone, para levar e buscar seus bichos em idas ao veterinário ou ao pet shop. Yalom percebeu que existia uma oportunidade ali.
“Dificilmente motoristas de Uber e de táxi aceitam levar animais, ainda mais desacompanhados. No transporte público, eles também não podem viajar”, diz Yalom. Juntos, os dois amigos desenvolveram um aplicativo e, em fevereiro de 2017, colocaram no ar a versão de testes da PetDriver, uma espécie de “Uber para bichos”.
Os carros da PetDriver são modificados para levar os animais, recebendo capas de couro, coleiras, aspiradores e kits de higienização. Os motoristas também passam por um treinamento. Segundo Yalom, a corrida custa 15% a mais que uma viagem de Uber Black, modalidade premium do aplicativo de transporte. O serviço pode ser pedido na hora ou agendado, mas a segunda opção é a mais utilizada pelos usuários.
Convencer os motoristas a adotar o aplicativo não foi uma tarefa fácil. “Tivemos de conversar muito com eles, para que acreditassem no futuro do negócio. Só então fizemos promoções para atrair os usuários”, diz Yalom.
Outro desafio para o modelo de negócio era a segurança dos bichos. “O que fazemos é quase um transporte escolar, exige cuidado e responsabilidade. Por isso, a versão do aplicativo para motoristas não é aberta ao público: eles só entram para a plataforma se passarem pelo nosso treinamento.”
Em agosto de 2017, a PetDriver fez sua primeira parceria corporativa, com um hotel para cachorros do Rio de Janeiro. “Esse é o filão mais promissor para o negócio”, diz o empreendedor. Segundo ele, as parcerias são responsáveis hoje por 35% das chamadas. Outro tipo de parceria, dessa vez estratégica, foi realizada com a marca de ração Royal Canin, que patrocina os treinamentos dos motoristas.
No final de 2018, a PetDriver chegou a São Paulo, onde atua em um raio de aproximadamente dez quilômetros a partir do parque do Ibirapuera. Juntando as duas operações, o aplicativo já atingiu a marca de 500 motoristas e 7 mil usuários ativos — o que deve garantir um faturamento de R$ 1 milhão neste ano, segundo a projeção dos sócios.
Para dar o próximo passo, os empreendedores agora negociam uma rodada de investimentos com fundos do Brasil e do exterior. Os recursos serão usados para financiar a expansão para outras cidades do país. “Criamos um serviço pioneiro no Brasil. Agora que sabemos que o produto funciona e que a tecnologia é robusta, podemos apostar no crescimento”, diz Yalom.