Clara Magalhães de Siqueira Batistella, também conhecida como Clarita, está compartilhando com a população cuiabana as obras de seu acervo particular, na Casa do Parque, em Cuiabá, até o dia 15 de junho. São mais de 60 obras que estão reunidas na exposição Etéreo, que além de encantar os visitantes da casa, uma das obras terá o seu valor de venda totalmente doado para a Associação dos Haitianos em Cuiabá.
Na abertura da exposição, na quinta-feira (09), Clarita se emocionou e se arrepiou ao entrar na Casa do Parque. Era a primeira vez que a colecionadora, que completa 83 anos neste mês de maio, estava vendo como as telas foram organizadas no ambiente. “Eu senti como se fosse a primeira vez que eu estivesse vendo, como uma coisa nova. Eu também sou uma visitante e olhei com o encantamento de quem vê pela primeira vez”, relata ela.
Ela compartilha que se encantou com a efervescência da arte cuiabana desde a década de 70 e ela não desejava deixar o local da exposição como um ambiente de venda das obras, queria que parecesse uma grande galeria de arte. “A ideia não é a de uma comerciante de quadros, eu quero agregar as pessoas em torno dessa cultura que está nas paredes e que esteja na cabeça das pessoas que vem aqui. Daqui para frente não é comigo, é a história de cada tela. As pessoas vão se enamorar, como eu me enamorei com as telas. Elas vão escolher esta ou aquela e vão ter por essas telas o amor, a emoção e a viagem que eu fazia olhando tela por tela”.
As mais de 60 obras são assinadas por artistas mato-grossenses como Humberto Espíndola, Dalva de Barros, João Sebastião, Adir Sodré, Nilson Pimenta, Gervane de Paula, Jonas Barros, Vitória Basaia, Maurílio Barcelos e ainda outros.
“Eu tenho certeza que viajantes mais arejados do que eu e com visão mais atualizada de arte do que eu, serão os proprietários dessas telas”, declara Clarita.
Contemplando e conhecendo a arte
Na abertura da exposição havia quem se encantava com as obras e quem se emocionava ao relembrar dos artistas que já são falecidos, mas que obras antigas estavam ali presente.
Rosilene Pinto, que é artista plástica, era uma das visitantes que marcou presença na abertura da exposição. Ela conta que ficou curiosa para conhecer esta exposição, já que envolve muitos artistas. “Eu vim ver de perto essa coleção que é maravilhosa. O que me trouxe aqui foi a oportunidade de ver de perto as obras, que quando estão em posse de um colecionador não temos a oportunidade de ver em uma galeria”, aponta Rosilene.
Vinicius dos Santos era mais um visitante que viajava ao observar os quadros e seus significados. Ela conta ao Circuito Mato Grosso que é um artista performer e um pesquisador. Ao observar o que as obras retratam, ele diz que “são coisas da nossa história, de quem somos. É importante a gente poder olhar para essas coisas e pensar a cidade, a gente pensa em a si mesmo. A arte é vitalidade e a cultura que tem em Cuiabá é muito importante”.
Clarita convidou para a abertura da exposição Etéreo um grupo de haitianos, que fazem parte da associação que ela ajuda. Entre os convidados estava Gonomy Nyankona Monestine, 18 anos, e Ismaac Israel, 46 anos, este último é secretário na associação.
Eles contam a associação ajuda os haitianos na questão de cultura, educação, justiça e trabalho, oferecendo também cursos profissionalizantes, e na orientação dos direitos de cada um deles, por isso cada doação e ajuda é importante.
Gonomy conta que dona Clarita sempre os ajudaram muito e que é muito importante que eles tenham essa oportunidade de conhecer a arte cuiabana, mato-grossense e brasileira, e ainda possibilita que eles apresentem a cultura e as obras para outros haitianos.
Serviço:
O quê: Exposição Etéreo
Quando: Até 15 de junho
Local: A Casa do Parque, Rua Major Severino de Queiroz, 455, bairro Duque de Caxias, fundo do Parque Mãe Bonifácia, em Cuiabá (MT)
Entrada: Gratuita